segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

"Me Perdoa
Perdoa por não ter te dado
tudo aquilo que querias
e que eu poderia te dar.

Mas, por uma razão ou outra
não foi possível.
Meu carinho total, minhas atenções,
minha vida, meus momentos.

Meu pensamento, este sim,
estará sempre contigo
em todos os momentos,
os alegres, os tristes e os que estou tão
somente só.

Porque esses são meus e ninguém poderá arrancá-los de minha mente.

São meus e eternamente teus."

domingo, 8 de dezembro de 2013

"Em um passado remoto perdi meu controle"

Meus olhos não foram submetidos ao desfoque. Eu sou contraste, acho triste de pau a pau essas coisas debaixo do tecido de seda. Como é doloroso acordar e sentar de perna de índio e não enxergar méritos. Se eu não fosse eu, eu enxergaria essas coisas debaixo do tecido de seda da pessoa que seria eu. Você aí, eu quero dizer que tudo vira remoto sem controle, porque a seda é o que te vibra e as coisas camufladas pelo tecido, te amedrontam. É amanhã que você vai se obrigar a conhecer quem pode tentar manter algo bom; sem que depois de amanhã você precise sentar de perna de índio na cama e boiar esperando que a onda te afogue. Somos tão desgraçados. O corpo parece obedecer o suposto amor sem dor e nos testa sem que nos proíbe de cavar outro buraco e descer escalando devagar até o fundo. Nós não queremos sair do fundo. Devemos nos prevenir. Uma vez tentamos, caímos e preferimos atolar, mas o tecido de seda nos apalpa, faz um carinho aqui e lá, tira o musgo e as coisas que vivem debaixo dele nos empurra outra vez, de novo, até que você saia do buraco pra cair de novo. Novo. Parecia novo, mas caímos de novo.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

30 minutos

Uma das piores sensações encontradas é quando você identifica o seu problema porém não sabe o que fazer com essa identificação. Fui colocado frente a frente hoje. E não o cumprimentei. Ah problema, você que sempre se apresentou como dádiva, dom, talento, hoje se apresenta como o causador de todas as sensações que sinto. Pois é! Quando eu poderia imaginar que o meu carinho, o meu amor, minha dedicação deveriam ser evitados? Quando imaginar que abraçar o problema dos outros e resolver, tiraria toda a minha energia vital? Quando? 

Foi inevitável não pensar: Quem cuida de mim enquanto cuido dos outros? Inevitável pensar, fazer contas nos dedos e, pasmo, não encontrar ninguém. Hoje conversei sobre tudo com quem pago pra me ouvir. Abri todo o jogo. Todo o jogo escondido sem culpa, e confiando no sigilo médico. 

E escrevo por não ter com quem falar, desabafar, apenas nos 30 minutos semanais. Fora isso, tudo vai se resolver, daquela forma negativa e que venham os resultados. 

domingo, 1 de dezembro de 2013

Sentidos que não se sente mais.

Os dedos estalam rapidamente de uma forma doentia e param numa frequência, sempre no mesmo intervalo de tempo, e ousam tocar ali e aqui sem permissão, como se os estalos fossem distrair e os toques não fossem sentidos. E ele toca, toca ali, aqui, lá, dá uma cutucada trêmula e estala, estala, treme, autista. Sorrisos enigmáticos após os toques, receio de tocar com piscadas medrosas depois que toca esperando sempre um ”por que me toca?” E tocando às vezes sem resposta e mesmo assim se assustando e encurvando a coluna; ainda esperando um por quê. O toque era manso e depois beliscava meio desajeitado; ainda sorrindo, mas dessa vez um sorriso torto de gente dissimulada. Gestos fartos, um pivete imbecil cutucando, sempre cutucando; sempre não temendo, sempre se metendo, metendo o dedo ali no buraco, no redemoinho, com a ampla liberdade do que vem, virá, não virá. Toca ele de volta; depois que ele te toca, por favor, toque o pobre coitado de volta. É nítido, nítido como um barco sem remos no mar bravo que irá capotar. Nítido como as nuvens cinzas cheias d’água. Nítido como o palhaço triste e a mula sem cabeça com cabeça. Os toques frios, a sede de espalmar a palma na superfície do corpo, de filtrar o líquido nos poros, mordiscar, salivar, penetrar, marcar; mas são toques, toques, toques, toques, e a pele ficando flácida. E ali, só ele tocando, uma prosopopeia, duas latas vazias e uma tocando a outra enquanto a outra não vê, não percebe, rejeita, denigre. O suor de quem especifica com gestos e não recebe em troca. Um eco mímico. Ruas paralelas. Só ele toca, toca, toca. Só ela não vê, não vê, não vê que só ele toca e toca, toca, toca…

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Há manhãs que me trazem o medo...

Nestas horas mortas que a noite cria, entre um e outro verso do pavoroso poema, que sob a pálida luz de uma vela eu lia, me chegavam antigas lembranças de um dilema.

Quanto amargo e dissabor o silêncio produz! Entre as sombras vacilantes da noite, chegam em formas indefinidas, que sobre minha cabeça pairam, aves e outras criaturas aladas que de infernal recônditos alçam voo até minha mente, a perturbar minha alma.

Essas formas indefinidas das sombras criadas pelo medo, ocupando o vazio do meu ser, preenchendo o que antes era de sentimentos sublimes e, agora, somente o sentimento de dor. O que antes era alegria, agora é tão somente o dissabor. 


Que pena paga um condenado pelos sentimentos! Oh, agonia incessante. Que martírios mais terei que suportar? Como um medo tão latente do desconhecido, pode tanto me apavorar? Será do vazio de minha alma que sinto medo? Ou do esquecimento do meu ser, por outro já amado? 


Não é do fim da vida que treme minha alma, mas do fim do sentir-se bem eterno. Não mais existir não é tão doloroso quanto o existir sem ser notado, ou amar sem ser amado, ou perder o que jamais será recuperado.

domingo, 17 de novembro de 2013

"Amor é quando alguém te oferece carinho, cuidado, proteção e atenção sem esperar nada em troca. É quando você percebe que não importa o lugar que esteja, que qualquer coisa vai fazer sentido se estiver ao lado daquela pessoa. Amor é quando a pessoa te manda “se cuida” querendo cuidar. É quando você tem muitos motivos pra desistir de alguém, mas apenas um te prende ali, firme e forte. Amor é quando alguém te encontra, te re-encanta, te revive, te recomeça. É quando a pessoa cuida de você e a única coisa que ela quer em troca disso é a sua felicidade. Amor é saber que a pessoa está sempre ali, mas mesmo assim sente falta, te procura. É quando alguém te inspira, te relaxa, te anima, te faz pensar, te faz viajar, te faz sonhar. Amor é quando você tem alguém não só dentro da sua cabeça o dia todo, mas dentro do teu coração. É quando você fecha os olhos e sente a respiração dela em seus ouvidos e isso te faz arrepiar."

:/

sábado, 16 de novembro de 2013

Menti

Eu menti.

Sim, é uma verdade, eu menti pra voce! 

Menti quando não disse que estava com saudade.
Menti quando disse que estava bem.
Menti quando disse que tudo iria passar.
Menti quando disse que sabia o que era melhor pra nós dois.
Menti constantemente pra mim ao me manter afastado.
Menti pra mim ao fingir não sentir esse nó terrível na garganta ao te ver.
Menti quando não disse o quanto eu te amava. 

E agora, você mente pra mim ao não me ler.
Mente ao mostrar que não sente.
Mente ao querer não ser mais minha.

Você mentiu.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Profeta psicótico

Designado como o tio de obra do serviço, porque era barbudo, descuidado, cru. Uma mente brilhante atrás de um jato de merda. Quase sempre não responde. Quase-sempre não respondo; já que deixei o eu-lírico pra lá.
 
Eu Inacabável. Já li sobre. Janelas de flashes cerebrais. Psicólogos enfáticos. Aumento de neurotransmissores. Súbitos de (des)angústia. Ah, o maldito processamento flácido neuronal, o deslumbre de discos que, no rio de tempo, se encaixam perfeitamente em seus buracos.

Perdi a higiene, tenho dentes amarelados e penso na hipótese de ser amado por pessoas que tenham dentes amarelados, que desfrutam melancolia; anti-profetas, grandes medrosos e encurralados. Minhas moléculas não se remetem aos ouvidos tapados e bocas sorridentes. 

Eu sou estupidamente triste numa margem muito, mas muito inclinada para o lado que permanece. 


E não há maldito valium que desincline.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Imagine Dragons - Demons

When the days are cold
And the cards all fold
And the saints we see
Are all made of gold
When your dreams all fail
And the ones we hail
Are the worst of all
And the blood’s run stale
I want to hide the truth
I want to shelter you
But with the beast inside
There’s nowhere we can hide
No matter what we breed
We still are made of greed
This is my kingdom come
This is my kingdom come
When you feel my heat
Look into my eyes
It’s where my demons hide
It’s where my demons hide
Don’t get too close
It’s dark inside
It’s where my demons hide
It’s where my demons hide
At the curtain’s call
It’s the last of all
When the lights fade out
All the sinners crawl
So they dug your grave
And the masquerade
Will come calling out
At the mess you made
Don’t want to let you down
But I am hell bound
Though this is all for you
Don’t want to hide the truth
No matter what we breed
We still are made of greed
This is my kingdom come
This is my kingdom come
When you feel my heat
Look into my eyes
It’s where my demons hide
It’s where my demons hide
Don’t get too close
It’s dark inside
It’s where my demons hide
It’s where my demons hide
They say it's what you make
I say it's up to fate
It's woven in my soul
I need to let you go
Your eyes, they shine so bright
I want to save that light
I can't escape this now
Unless you show me how
When you feel my heat
Look into my eyes
It’s where my demons hide
It’s where my demons hide
Don’t get too close
It’s dark inside
It’s where my demons hide
It’s where my demons hide

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Amor de poema.

Você tem medo do escuro
mas não do escuro comum
teme o breu que dá na alma
e toma o corpo de quem não ama.

Confusa você vaga perdida
procurando ser encontrada
já não espera mais por um amor de cinema
mas ainda deseja um amor de poema.

Carrego sua cruz
assumo sua pele
para que sua dor 
já não seja só sua.

Visto seus calos
sinto as contrações de seu ventre.
Sinto, suas emoções entre os cantos,
prantos de seu corpo.

Em nossa marcha silenciosa
árdua como a vida há de ser
transpiro seu calor
em seu corpo sinto o sabor
ávido como o nosso amor é pra ser.

sábado, 2 de novembro de 2013

Só!

A solidão não é a ausência do amor, mas o seu complemento.

Quem nunca esta só já não conhece mais a si mesmo.

E quem não conhece a si mesmo passa a temer o vazio.

Na solidão, eu pude perceber o amor que chegou despercebido. 

Na solidão entendi e respeitei o amor que partiu.

Na solidão aprendi a sentir o amor verdadeiro.

E na solidão aprendi a ser sozinho.

Só!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Consultório

Diálogos:

- "Rapaz, eu acho que você esta bem, tirando aquele nosso velho problema."

- "Tudo bem doutor, eu disse. A primeira coisa que quero que você faça é tirar esse maldito coração humano daqui."

- "Não, esse coração vai permanecer ai mesmo." Ele disse.

- Tudo bem.

Me levantei e sai. 

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Ela

Ela?

Ela autoflagela sua alma só para me torturar. 
Foge para eu correr atrás, se esconde para eu a encontrar. 
Me ignora para me ver suplicar.
Ela diz que não suporta minha ausência!! 
Mas se ausenta de mim porque acha que é fraqueza me procurar. 
No amor, Ela é orgulhosa. 
Mas o amor não é orgulhoso.
Mas o medo de perder ou se entregar mais do que eu, camufla os frutos do amor.  
E Ela age dessa maneira.
Ela espera, pacientemente. 
Eu, como bom homem que sou, não sei esperar como uma mulher.
Sua pele fica irritada de saudade e ela se "autoabraça" fingindo os meus braços.
Quando fico muito tempo sem a procurar, 
Ela vem falar comigo! Ela vem ríspida fingindo doçura, brava pela ausência.

Ela!

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O que você faria?

E se eu disser que quero teus sorrisos largos
Os teus olhares pálidos
Teu beijo provocativo
Tuas mãos tremulas
Teu abraço efusivo
Tua poesia.

Nossa prosa trôpega
Tuas lágrimas por entre os dedos
Tuas gargalhadas de medo
E tua presença por inteiro...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

céu que se põe a chorar

Engraçado.
O Céu parece chorar.
E minhas lágrimas se misturam com as dele.

Quando o sol voltar a sorrir.
Já vai ser hora de ir embora.

[17/08/08]


Quando o passado se faz presente e o presente teima em não ser futuro.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Achados e perdidos

Uma bagunça. Assim minha vida pode ser resumida. Amores achados e perdidos. Pessoas perdidas, marcadas em brasa que deixam cinza em mim quando se vão. Carregam um pedaço de mim - e fazem questão de não devolver mais- que vão me formando, me deixando com um amontoado de fraquezas, anseios, mágoas. Um misto do que foi bom, se tornou ruim e hoje nada mais é. Temos uma imensa capacidade de transformar o belo em feio, o forte em fraco, o puro em  impuro e o sorriso em lágrimas. Uma bagunça, eu repito. Assim como o papel que se perde no carro, o pen-drive com tuas musicas prediletas que some no fundo da gaveta, seu isqueiro que se vai, tua esperança que se esvai. Assim são as pessoas, os amores, os amigos, os sentimentos. E você percebe que não te sobra nada, você ficou com o resto. O resto de cada um que passou. Aquele coração quebrado, repartido que ainda insiste em bater sei lá porque. Aquele que ainda pulsa - para as vezes - em busca de algo além do que se tem. Em busca de algo além do que lhe foi prometido...

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Cara

Reclamo com um cotovelo sob a mesa e uma mão esfregando os olhos, adentro na paisagem pessoal, sublinho meus interesses e fico e cavo no cantinho do cubículo pra arranjar mais espaço. Meu egoísmo não cabe aqui dentro (muito menos a flor que um dia ganhei de uma moça) e disponho esse bloqueio com os talheres nas mãos; pronto para atacá-lo e degustá-lo, sozinho. Minha estória é mais ou menos assim, cara...

Vê se põe a cara aí pra meter um tiro na fuça! 
Não rela! 
O teu paradoxo suga o sorriso de canto, põe conflito na sobremesa de bloqueio - aquele que eu citei anteriormente - e qualquer saliva azeda nos corta no meio.

Tira esse cara daqui!

O Sol me desvive, o sorriso feliz me dá vontade de arder no Sol, os pássaros são insuportáveis e a sua apresentação teatral, nesses dias que você começa a exibir o seu talento, eu saio de perto. Não te suporto.

E sabe de uma coisa, velho...
Eu acho que não suporto ninguém...
Mas no contraponto da estória, quando eu sair desse eu-comigo, vou querer todo mundo e vou querer que todo mundo me queira, também (de volta).

O cara saiu antes de eu puxar o gatilho...

- Ei, cara, volte aqui, eu mudei de ideia...

domingo, 6 de outubro de 2013

1 + 1

O silêncio. Hoje não quero rimar, hoje eu quero expressão. Não aquelas matemáticas, deveras difíceis de serem resolvidas, mas as expressões sentimentais. E o leigo vai dizer que elas são tão difíceis de serem resolvidas quanto as supracitadas. Tolo, eu digo.

Sobre sentimentos:

Quando nos predispomos a gostar, cuidar, quiçá amar, precisamos tomar alguns cuidados, como uma receita de bolo, ingrediente por ingrediente, sem pular um só. E o bolo surge camada por camada. Demora, mas surge. Deixar algo pra trás nos faz perder o todo, só que não entendemos o motivo. Gostar acarreta em diversas e diversas variáveis (como as matemáticas) e devemos estar prontos para lidar com elas, ou então, o mais simples, não gostar. Precisamos apenas decidir: Andar? Parar? Retroceder? Afinal, você quer comer o bolo ou não?

Sobre matemática:

1 + 1 = 1, certo? 

Exato, exata....

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Impressões

Imprime emoções
inspira sentimentos
eu quero ser
quero ser lido por dentro
e esquecido por fora.

E como uma carta de amor
que após sua capa ser vencida e ignorada
o oculto vem à tona
e revela sorrisos
verte lágrimas
traz saudades.

É preciso rasgar a embalagem
olhar através da pele
os olhos são o remetente da alma.

Esqueci a beleza
que o espelho mostra
no ventre de minha mãe
o que me resta
é  espelhar com palavras
o que se oculta em meu intimo.

Como um envelope feio
que traz apenas o nome do remetente
assim é o envelope do meu corpo.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Hein, fim?

Quantos
enfins
dentro
de um
não sei

Não
Não coube
ninguém.

Alguém,
Soube dizer?
O fim?
Veio enfim
a solidão.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Musica em silêncio

Pouco meu corpo sabe dançar
Na verdade, tenho braços arranhados
Engasgo lama em minha sola
Trago em chão bem empoeirado
E piso em fumaça de cigarro barato


Mas eu me atrevo sim
A, quem sabe, te esperar mais
Pelo seu encanto (tão sumido) ali
Em meus dedos, de leve peso
Que suam por liberdade


Que em queda, se quebra
E desmonta em samba
Quase nada ritmado


Isso me faz trançar pés
Chorados de tanto errar
E que com calma se desesperam


Por um som qualquer
Mesmo que em partitura
Inacabada por sentir falta


Mas eu me atrevo sim
A, quem sabe, te esperar mais
Pelo seu encanto (tão sumido) ali
Em meus dedos, de leve peso
Que suam por liberdade


Que em queda, se quebra
E desmonta em samba
Quase nada ritmado


Isso me faz querer em sombra
Ouvir você cantar
Mesmo se uma nota desafinada


Que voa de tempo em tempo
Vive lenta e vendada
E teme pelo medo


De, quem sabe, me esbarrar
Pigarreando por aí
Tropeçando de mão em mão
Sem saber rodar sem você
Ventar sem você.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Dó, lá, Si, Mi.

Não há nota que disfarce,
A timidez dos meus tons,

De vozes fracas em fala.

Chove verso que se,
Prostra em meu colo,

Alcança no seio um chiado.

E no leito, remoe-se o ritmo,
Que não mais marca nossa dança
... no compasso, ausência do seu rastro.

Componho uma canção
Num solo, ando em falsete.
A corda se solta, se quebra.

Afrouxa um laço,
Que costurava a melodia.
Em seu-meu tempo

Me torno meio desafinado.
E soletro em saudade,
Um canto não mais tocado
Do quarto.

Agora erro o sol
Que grave nos fez
E lá, dó me arrastou
Bota você agora em mi


Em mim.

domingo, 8 de setembro de 2013

Ah, Deus?

Você acredita em adeus?
Ah, meu Deus,

eu não acredito.

Não reconheço, nunca vi.
Ah, Deus,
adeus não há.
O que existe é o diabo
do medo,
do consentimento
de haver de enterrar
sentimento trás sentimento.

Adeus não há.
Existe é o demônio
do medo,
do consentimento
de haver de afogar
ressentimento pós ressentimento.
Vou rezar para adeus passar.

Ah, Deus,
adeus legítimo
assim não há.
Sim, não há.
Estou a Teu
Dispor de crença
é muito raro.

Louvado seja o até breve,
bendito seja o até logo,
Abençoado o até a vista.
Receio.
Parecer que descreio
é só outra forma de adiar o adeus alheio.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Caixa de memórias

sozinho e ninguém,
não há mais o que falar.
pois se me sinto incompetente, preguiçoso e dissimulado
pois se ando ansioso e flutuante
pois se sou essa confusão mesmo,
tudo isso misturado numa caixa de memórias
não poderia esperar outro desfecho.

cruel? irônico? trágico?
insosso e gritante!
ou apenas insosso, que seja.
e eu, culpando a lua e a grama,
percebendo-não-percebo que é aqui
onde as desculpas não têm vez.

porque é sempre assim.
porque triste foi você estar do meu lado,
e eu sabendo-não-saber.
mas, triste mesmo é eu só poder ouvir o som dos seus passos e risos
e nem ao menos conhecer sua rotina.

dissimulá-la,
dissimulado que sou.
imaginá-la.
mas eis-me aqui.

nas linhas e em tudo o que vai entre elas.
no vão das mãos,
e nas marcas que esses pés meus deixaram há um tempo.

onde?

all the lonely people, where do they all come from?



segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Amores achados e perdidos.

É na noite, no bar pobre, de piso trincado, balcões encardidos e lâmpadas amarelas, que homens decrépitos, agarrados aos corpos e as cinturas das moçoilas, se tornam reis. O Álcool e sabe-se lá o que mais sobem à cabeça, descarregando emoções e potencializando fortalezas. É a vida que passa pela madrugada. Ou são as necessárias madrugadas atravessando a vida?
Discursos ferozes e sensíveis. É o poder de mando que se perde no vento, mas vai se renovar no gole de amanhã. A salvação do mundo está nas palavras destes notívagos da perece esperança e da sempre adiada realidade, que desfraldam a bandeira da vitória como se a vida fosse tão somente um detalhe e o bar um eterno presente.

Depois da porta dos fundos, surge o paraíso num acanhado corredor com entradas lado a lado. Desvairados noturnos, vampiros em festa sugando fugazes prazeres ao som de canções derramadas de paixão. Lá na frente para a rua, as vozes gerais, uma babel de sons; os risos abertos e os sentimentos expostos; e os movimentos, sob o ritmo de uma trágica alegria, com hora certa para ter fim, mas com dia marcado para recomeçar...É a catarse programada para o confronto com as tensões, medos e impotências diversas.

Amores achados e perdidos. Sob a luz âmbar, as meninas sem inocência, de todas as idades, estrelas brilhantes, parceiras da noite e de tantos quantos forem buscar conforto, girar seus saltos, e ativam todos os sentidos. Aliviam as dores dos homens ao mesmo tempo em que se esquecem das suas. Encontros nos descaminhos, prazer e sobrevivência, perfumes e suores diversos, mistura de odores e sonhos, palavras soltas e confidências relapsas, beijos cálidos e abraços amigos...
Um mercado de ilusões em que a troca é mais que urgente, é a essência para prosseguir. Enquanto isso, as mariposas dão rasantes suicidas em direção as lâmpadas. Tal qual as meninas. No bar proibido para menores e para maiores virtuosos, a noite é a rainha permissiva.

No primeiro olhar, um ambiente de decadência explícita, a reunião dos que ficaram à margem por razões distintas e não podem ou não querem atravessar para o outro lado. É a soma e a interatividade de todos os vícios. São os escombros morais.

Lados opostos e próximos. O outro olhar é aquele que enxerga além dos móveis e objetos tristes e gastos, dos cômodos pequenos e simples, das garrafas vazias, das canções e das paixões descartáveis. É aquele que tenta clarear as luzes do teatro para desnudar os personagens, tirando-lhes a maquiagem para encontrar o real e compreendê-lo. Esse olhar que busca o entendimento é o que vai fazer poesia...

domingo, 18 de agosto de 2013

3, 2, 1...

Não sei se escrevo por você
Porque, talvez, seria mais correto escrever para você.
Seria?

Muitas perguntas. Míseras respostas.
Você sabe que o tempo passou
Inevitavelmente, como sempre passa.
Todos sabemos.

Mas, também sabemos que há sempre algo que não passa.
Que não muda.
Aquele ponto, lembra-se?
O mais distante do sol.

E mesmo que muitos nomes me tomem a casa,
As penas, os cadernos, suas capas, todas as suas folhas,
Todos os meus papéis,
Sabe que haverá sempre algo de mim (e de ti) aqui. Imutável.

Essa é toda verdade que posso oferecer.
E meus abraços (sempre) sinceros.
Pois não consigo mais controlar as palavras.
Às vezes, elas vêm num turbilhão, isso é tudo o que aprendi.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Ser-tão Você

Em rumo incerto de pedra e pó
Caminho em passos rasos
Pés descalços e arranhados
Pernas que choram piedade

Nesse tal roçado
O chão não tem fim
E a minha espera
Padece em vão

Sem hora
Toca-me em sol
Tenha dó do meu si

Chove-me poeira em abundância
E venta em mim tanta água
Que em minhas mãos
Até os dedos me escorregam

A minha dor tão amanhecida
Sonha sua regência em algum lugar
E a pede em sopro
Mas assim, em som abafado

Sem hora
Toca-me em sol
Tenha dó do meu si

Meus lábios secos te guardam
E aguardam sua sede cair do céu
Que só me traz o escuro e medo
De te perder em minha solidão

Porque viver com o meu sofrimento
Só composição suporta
E meu lamento só quem pode
Quem faz é o violão

Moça
Toca-me em si
Tenha dó do meu sol.

domingo, 4 de agosto de 2013

Viajante

Estou, dois metros por segundo, a caminho de um herético ato!!

Frente à sua quietação, saquei uma extorsão:

ou me deixa ficar, ou aumento pra quatro.


Agora, a oito nós, particular toada de cruzeiro,

rogo que nós, de uma vez, troquemos a sós.

E para efeito argumento que

o passo ainda é lento,

porém, tenha dó.



Prepare um terreno forrado de aragem,

fresca, brisa e desnuda paisagem.

Já que o meu aerodinâmico ser

descreve um viver,

mil milhas por hora,

em trajeto descente

e sem escalas

rumo ao destino indecente de afanar piedade.









Mais direto, impossível.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Verde claro

Se se encontraram de novo

Ninguém poderia saber

Só sabia que faziam falta


Falta à rua, à neblina, aos pés ainda nus

Que assim, nus, sentiam ainda mais frio por estarem sozinhos

Machucados pelo asfalto já gasto

Impuros até.



Se os veria de novo

Ninguém!



Apenas esperava pisar em grama

Orvalho

Sendo acariciada por dentes-de-leão ainda não desfeitos.

Poder um dia se deliciar com aquelas amoras.

(Fazer geleia?)


Se isso ocorresse, sim,

Poderia encostar a cabeça em seu peito

Sentindo-lhes o respirar.


Novamente.

100

A porta se fecha assim como o meu coração. Num brado sem ar, sem fôlego, sem sentido eu me entrego a ti. Não pensando no depois, nem no agora. Pra ser sincero não sei no que eu penso. E esse, assim como tantos outros, terminam sem final...

terça-feira, 16 de julho de 2013

Cinco

agora acordo às cinco da manhã.
vejo o sol raiando.

penso menos,
e tomei gosto pelo café.

tudo podia ser muito;
mais simples.

os solos de guitarra,
e os acasos tristes.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Raios e Raivas

Raios e raios brancos

Cortaram minha embriaguez

E meu ódio se mostra puro, nobre e brando.

Quando mando tudo e todos se foder


De uma só vez!

Diante dos loucos os caretas tremem

E os raios tênues com cheiro de querosene

Estão esticados para meu rumo sem direção.



Lá longe de toda essa gente carente,

Essa gente que para si mesmo mente.

Gente que vive a ilusão de que não se precisa

De uma boa dose de ódio e raiva no coração!

domingo, 7 de julho de 2013

Solos

agora acordo as cinco da manh.
vejo o sol raiando.

penso menos,
e tomei gosto pelo caf.

tudo podia ser muito;
mais simples.

os solos de guitarra,
e os acasos tristes.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

silêncio.

o silêncio 
tão improvável
dia após dia
procurando por
uma resposta

a cama 
desarrumada e repleta 
do meu cheiro

eu parava 
pra escrever
recostado
na cadeira

enquanto 
o dia raiava
e eu escolhia
quando me deitar.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Me falta um "que".

Nestas horas mortas que a noite cria, entre um e outro verso do pavoroso poema, que sob a pálida luz de uma vela eu lia, me chegavam antigas lembranças de um dilema.

Quanto amargo e dissabor o silêncio produz! Entre as sombras vacilantes da noite, chegam em formas indefinidas, que sobre minha cabeça pairam, aves e outras criaturas aladas que de infernal rasantes, alçam voo até minha mente, a perturbar minh’alma.

Essas formas indefinidas das sombras criadas pelo medo, ocupando o vazio do meu ser, preenchendo o que antes era de sentimentos sublimes e, agora, somente o sentimento de dor. O que antes era alegria, agora é tão somente o dissabor.

Que pena paga um condenado pelos sentimentos! Oh, agonia incessante. Que martírios mais terei que suportar? Como um medo tão latente do desconhecido, pode tanto me apavorar? Será do vazio de minha alma que sinto medo? Ou do esquecimento do meu ser, por outro já amado?

Não é do fim da vida que treme minha alma, mas do fim do sentir-se bem eterno. Não mais existir não é tão doloroso quanto o existir sem ser notado, ou amar sem ser amado, ou perder o que jamais será recuperado.


#só

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Nota-se as Notas

Olho direito roxo;
Joelhos granulados pelo asfalto;
Braço direito com unhas cravadas;
Braço esquerdo com estilhaço de fotografia;
Boca manchada por tinta vermelha diluída em sal;
Mãos e pés escorrendo e escorregando.

Sua-se em notas altas e inspiradas.
Aspiradas, as chamas de um incêndio próximo
Lacrimejam.
Soa-se pelos poros abertos de medo,
Inaugurados em medo,
Inaugurando um ‘até nunca mais’.

Ela faz encontrar.
Eles dispersam.
Ela estanca.
Eles disparam.
Ela fala.
Eles calam

Caligrafada em choque.
Liquefeita em rota de colisão.
O que estava opaco,
O que fez-se ponte
Por sobre os muros confunde
Canto, soluço, engasgo, grito de horror.

Graves os agudos que lhe machucam os ouvidos,
Impuras as palavras que lhe forçam nas entranhas.
Mas são luzes que lhe pulsam as têmporas,
Passos constantes que lhe avançam das linhas.
Vocês não sabem:
A menina e a poesia não roçam os cílios para dormir.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Final.mente

Será que este verso
mora só? em mim.

Será que no fim
tem silêncio?

Não mente
ou diz
que sente.
ou tantos
ous.

A dor
de um poema
vazio
é ecoar
sozinho

puta que
pariu.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Vida mansa. Essa vida.


dessa vida eu só quero é ela mesma
assim mansa
assim cheia
assim plena
assim minha e de mais ninguém

dessa vida eu quero sempre as rédeas
pra soltá-las ao vento
ou paralisar qualquer momento
sorrir de volta ao amor bem atento
que o mundo tem zelado por mim

dessa vida eu só quero ela assim inteira
e depois outra igual
porque na moral
eu gosto de me ser
(mesmo com todos os poréns)

dessa vida eu quero o perdão
e o agradecimento

pra essa vida eu abro o portão
e quebro a marteladas qualquer cimento

a ela só peço um passaporte
e um cadinho assim de sorte
para atravessar as fronteiras de seus universos mágicos
imune a qualquer tipo de morte

domingo, 12 de maio de 2013

Minha escolha


(Minha intenção sempre foi
E assim será
Te arrancar um sorriso
O resto é da Vida)

Eu que nem de longe sei
Do gosto dos seus olhos
Da cor da sua voz
Ou do som dos seus lábios
Você pode, quem sabe
Ter timbres mansos
Notas meio delicadas
Ou traços roucos, loucos
E talvez ser vista
Envolta de fumaça
Mas não em névoa
Feito musa inspiradora
Me pergunto se você
Desnuda os pés
Para em chão frio pisar
Em noite cansada ou
Em manhã pesada
Porque de você nem faço ideia
Mas te boto clara em minhas mãos
Enquanto escorrega por entre meus dedos
Já calejados e suados
Que não mais apertam ou despertam
Que querem apenas querer
Um toque ou até mesmo
Um riso seu, pode ser de canto
Ou um leve chorinho
Que me ecoa bem baixo
Que me coloca à prova
E pela rua me acompanha
E então me faz pedir
Uma dança com você
Que nem de longe sei.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida. .. Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma....

Francisco Buarque de Holanda

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Horizonte

Tantas faces quanto seres diversos, é o corpo que faz a explicação do meu dia, o sol ilumina o trajeto qual percorre, revela as figuras nascidas à noite, quando ele dorme do outro lado do horizonte, tudo aqui dentro de mim se acorda em vontades de mil rostos e mil fomes, durante a noite novos monstros vão surgindo no meu caminho íntimo, uma rota por onde passa o coração do meu calor - a inocência - e eu sei que ela bate forte, e cospe fogo atrapalhando todos os reinos que ergui no dia anterior.

Minha batalha tem sido esconder as confusões em todas as mil faces, não quero nas minhas costas a luz fervente do sol ou seu peso de estrela rainha. 

Chega de olhar mil vezes para todas as direções, posso até aceitar a noite, e as quimeras escondidas na promessa de nascerem, mas a luz em tantos leitos de fracasso me chama à loucura.

Eu quero dormir do outro lado das montanhas, fugir num Pegasus alado, quero apenas um horizonte todos os dias...

sábado, 13 de abril de 2013

Amadurecência

Perdido em si, caminhando num sonho que fez-se em pesadelo. Fugindo, embebido de ilusões, correndo por uma rua interminável, até encontrar flores jogadas no chão. Flores que recolhe como filhas queridas. E neste instante, erguer os olhos e ver refletida a sua imagem num espelho. E ao tomar noção da própria face, assustar-se e sentir-se feliz, numa dualidade de amor e ódio, num limite entre real e virtual. Zombando de si, rindo de tudo, não conseguindo conciliar tristeza e alegria. Vendo-se como suave pomba a transformar-se em ave de rapina, para depois novamente ser pomba....

Modificando-se sem parar, não tendo respostas, mas andando em meio às dúvidas. Alucinando com as próprias perguntas...

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sem

"Estou morrendo sem estar doente, estou morrendo de uma existência fria demais para resistir. Olho através de uma janela para a luz de um dia terrível, que embrulha meu estômago. Ninguém mais se sente assim? Estarei completamente louco?"

Charles Bukowski 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Condição


E rodeado de sorrisos, indiferença, passa tempo em que mal se passa e sim corre, ele se sentou e esperou. Esperou ser visto, notado, ser atenção de público mesmo meio apagado. Ele queria era contar as coisas da vida, chorar quem sabe. Queria ter a segurança de mostrar voz e não ter grito de volta. Mas não... Além da certeza da tempestade, havia a ausência de onde se abrigar.

As cordas vocais estavam machucadas, e não só por causa do tabaco diário e ingestão de líquidos cortantes. Era sinal da vitória do cansaço, da fraqueza, de uma garganta arranhada, enquanto lágrimas pareavam em seu rosto.

Ele já não achava mais que estava ali como de costume; pensava que agora era condição. "Condição"...

O chão rodava, passava. Meio frio, áspero, sem chance de uma trégua, de um minuto para o café, de um bocado para o leite. O pão ainda na torradeira, esturricado. As pessoas se tornaram borrões enquanto ele corria para alcançar não se sabe o que e nem saía de seu lugar. Eram manchas que passavam e voltavam e passavam e voltavam. Andava em círculos.

Moria um pouco a cada segundo, descompassava o passo mais um tanto, perdia um ritmo que nunca teve e se tornava demasiado desritmado.

O vento voava depressa que nem se tinha mais espaço no armário, vontade de lavar fronha suada e lençol molhado. De sobra, entalado na despensa, carne podre na geladeira.

Ele queria era andar descalço e sentir o cimento e até, quem sabe, a terra, enquanto o mundo parava um pouco para assisti-lo. para enxergá-lo sorrir em público, se mostrar dançando talvez um tango. Ele seria visto. E tudo como um louco e assim figura real. Atenção merecida de marginal, que fosse.
Ator principal de filme, branco e preto, cinema mudo, tanto faz, não importa. Aplausos seriam ouvidos enquanto pernas estariam eretas.
Mas ele estava em condicional. Tinha mãos atadas e pés algemados, rosto pálido e voz rouca.
Foi derrotado não se sabe quando, onde, por quem, em quê... Saiu machucado de uma briga que, quando se deu conta, já estava jogado no chão.
Não conseguia se acostumar. Tudo aquilo lhe aguava os olhos e avermelhava o nariz, trazendo um ardor ácido.
Obedeceu sua condição e esperou. 
 
Esperou ser visto, notado, ser atenção de público mesmo meio apagado. Ele queria era contar as coisas, chorar quem sabe, Queria ter a segurança de mostrar sua voz e não ter grito de volta. Mas não... Além da certeza da tempestade, havia a ausência de onde se abrigar.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Lágrimas

Engraçado.
O Céu parece chorar.
E minhas lágrimas se misturam com as dele.

Quando o sol voltar a sorrir.
Já vai ser hora de ir embora.

domingo, 7 de abril de 2013

Já foi.

É preciso ter coragem
para ser feliz,
e eu, por toda minha vida, fui um medroso.

Tudo que veio,
já foi.
Passou correndo por aqui.

Que vontade de ser feliz.
Que coragem me faltou.

Traga mais uma garçom.
Porque essa, (assim como eu), esta próxima do fim.

Reivenção

Quiça tu sejas minha invenção
E de tão bela, e de tão tanto em mim
Eu me invente dentro de ti...


Permita-me nos reinventar?

Permita?

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Breu

Queria conseguir dormir mas so penso em partir, em seguir o brilho das estrelas e me tornar uma delas. Queria muito e nao sei como voltar.
Queria os seus olhos pra me guiar nessa escuridao que nao consigo sair.
Nao consigo e nao vou mais sair, nao tenho mais eles em minha direçao. O caminho esta um breu e eu continuo assim mesmo, ate que chegue ao fim e eu possa fechar os meus olhos.

Platonismo


Hoje o dia choveu
Talvez a grama tenha crescido
A água escorrido
Corrido para onde ela deveria ir
Partir
Talvez longe, fundo
No sujo, imundo
Na terra roxa ou vermelha
Barro nulo, laranja mudo
Talvez um choro
De leve "inho", samba rodado
De saia florida, colorida
Triste nota desafinada
Desvairada
Corda solta em marrom manchado
Som agudo de voz apagada
Talvez uma pintura
No piso branco-e-preto
Liso. Deslize
Tão áspero que machuca
Pouco latente
De caminho calmo e leve
Também desesperado, parado
Monotonia que sucumbia (vazia)
Talvez de pânico estômago doído
De rosto e pulsos marcados marcados
Passos rasos, incertos
Talvez pela sola enrugada
Vertigem de pernas bambas
Mancas, tortas
Grita. Revira
Talvez uma doce dança
Ou doença
A chuva que escorria
Ou a esquizofrenia
Ou apenas uma dor da partida.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Adeus?

É melancólico dizer adeus
a um grande amor,
é necessário, às vezes,
resguardar o sentimento...,
aceitá-lo somente na alma,
vibrando puras sensações.

É sempre sombrio dizer adeus
a um amor inesquecível,
porém, por vezes é imperioso
conservar o sentimento para depois...,
abandoná-lo apenas na lembrança,
momentos eternizados.

É sofrido dizer adeus
a um amor singular de almas gêmeas,
premente se faz, às vezes,
abrigar o sentimento para depois...,
renunciar,
deixá-lo adormecido...,
esperar renascer somente num futuro,
quiçá distante.

É muito triste saber
que é chegado o instante de dizer adeus...,
guardar o sentimento para depois...,
renunciar... para não ferir e ser ferido,
desampará-lo quieto
para florescer em outro tempo,
momento certo de ser vivido,
livremente...

É triste dizer adeus ao amor eterno,
mesmo que por amor.

Adeus assim se equivale a renúncia sublime,
a entregar o sentimento a Deus
e esperar pelas luzes do futuro.

Sempre, sempre.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Repostando.

Escrever não o que está sendo, mas o que há de vir... Como quem descreve o sonho antes de dormir. Feito quem planeja instantes sem planos de os cumprir.

Pouco tão me falta. Eu padeço é de raros excessos.

O corpo é corda — levemente tensa — de instrumento. Alguém que toca. O corpo que dança não é o que dança, é o que é tocado, e junto toca. Existe o silêncio do antes, o impacto do momento e a vibração do depois. Silêncio novamente.

Diz o sal:
— Vá, dor!
E a dor se vai em salgada obediência.

O bem é tão grande que envolve o mal em suas pequenezas e o faz girar: rodopios de dança.

Este mundo está levitando. A música está tirando nossos pés do chão. A alegria nos assombra feito um fantasminha. Brincadeira de criança: vida, tempo, som.

De vez em quando, levamos a sério. Crises, desastres, assassinatos, violações. A vida é tão amedrontadora quanto um teatro de assombrações.

As histórias precisam do tempo que se sucede. E o tempo não se sucede mais em mim. Olho tudo e vejo tudo. O tempo se há convertido em espaço. Eu vejo tudo da minha distância. E — feito potente telescópio — vejo tudo em cada detalhe de tudo ser.

Mas desagradam-me as frases curtas, a prosa fria. Quero a alegria de ser quem não penso que sou. Estar na praia embaixo do guarda-sol ao invés de caminhar. Mover-me lentamente em engarrafamentos. Sambar um show inteiro. Passar a noite entre fumantes e bêbados.

Viajar devolve-me o coração. Viajar é chegar à beira de si: beira com beira de outro si. Viajar devolve-me as gentes. O corpo — corda — vibra com o olhar da menina, com o vestido da menina, com o canto da menina, com o toque. Meu corpo frágil feito uma bola de sabão — na mão espalmada.

Tudo por um triz. Avião que acelera antes vôo. Mão que vai abrir torneira. Sonho prestes já em carne. Texto quase sem palavra. Transição de relógio em meia-noite: muda tudo, muda nada.

Senhor do Bonfim, me dê um bom meio — porque o excelente começo já foi há algum tempo.

domingo, 24 de março de 2013

Não preciso dizer que te amo

Não preciso dizer que te amo.
Você sabe, sente.
Está no hálito das minhas palavras
quando te belisco com os olhos
no hábito das mãos em braille
no teu corpo em brasa.
Você desidrata, maltrata
mas é em tua boca
que mato a sede de beijo
de minha boca falida de saliva.
Me entrego ao ciúme delirante,
sim, eu sei,
mas o sol não tem nada
que ficar se esfregando no teu corpo.
Mergulhado em teu suor
aprendi a nadar
e ainda assim, feliz e afogado
muitas vezes morri de amor,
no silêncio do leite derramado.
De que vale o céu ou inferno
e se existe vida após a morte?
Dos teus braços
à tua virilha
da nuca nua
tua vulva minha ilha
sou o demônio homem
sou anjo menino
descobrindo o paraíso.
Não preciso dizer que te amo
você sabe, sente,
mas eu digo mesmo assim.

segunda-feira, 18 de março de 2013

O riso do palhaço sem alegria

Vai vendo a ironia do destino:

Tenho um amigo que estava já algum tempo desempregado, estava vivendo de bicos. Sei que tem muita gente que não sabe, mas viver de bico não tem graça nenhuma. Ele agora faz bico em uma loja de sapatos e a coisa mais engraçada é que ele não é vendedor, nem gerente ou faxineiro, meu amigo é o palhaço da loja. É.

Ele fica na frente da loja vestido de palhaço, fazendo graça para as pessoas que passam. Parece legal né? Mas não é.

Quando eu o vi e o reconheci até que foi meio divertido. Não sei se porque o patrão estava olhando, mas seus olhos e a maquiagem mal-feita, o traíram. Estava triste.

Puxa, pensei: "Um homem desempregado não deveria ser palhaço, ser palhaço não é uma profissão, é um estado de espírito, um dom. Taí, um presente!! E eu sei como é ser assim."

Que tristes tempos nós vivemos, em que os circos se foram para o nunca mais e os palhaços-trapezistas habitam as lojas de sapatos.

Também tentei fingir, ri um riso falso de poeta que tem a boca desbotada, para que ele, talvez, se mantivesse digno em seu novo emprego, para que ele talvez se mantivesse firme na corda-bamba dessa vida, que mais parece sapato sem cadarço, para os que têm pés-de-chinelo e as pegadas miúdas que rastreiam o chão duro da felicidade que nunca vem.

Despediu-se de mim com os olhos e partiu arrastando sua tristeza oculta em outra direção. Ele se aproxima de uma menininha que se afasta meio com medo.

A Mãe, sem-graça, diz: "Não tenha medo minha filha, é só um palhaço". -É SÓ UM PALHAÇO?? EU PENSEI... - "Quem dera", pensou ele.

A Vida não é engraçada, um homem triste a fazer sorrir os outros?, disse a voz do destino , segurando um cartão de crédito sem-limites na mão, e um peito vazio na outra.

Sem saber como chorar, o meu peito respondeu com os olhos: "Não senhora, não é só um palhaço, é um homem sem emprego, desfrutando o presente da vida".

Mas há aqueles desempregados, que cegos, viram atiradores de facas. Dói só de lembrar.