segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

"Me Perdoa
Perdoa por não ter te dado
tudo aquilo que querias
e que eu poderia te dar.

Mas, por uma razão ou outra
não foi possível.
Meu carinho total, minhas atenções,
minha vida, meus momentos.

Meu pensamento, este sim,
estará sempre contigo
em todos os momentos,
os alegres, os tristes e os que estou tão
somente só.

Porque esses são meus e ninguém poderá arrancá-los de minha mente.

São meus e eternamente teus."

domingo, 8 de dezembro de 2013

"Em um passado remoto perdi meu controle"

Meus olhos não foram submetidos ao desfoque. Eu sou contraste, acho triste de pau a pau essas coisas debaixo do tecido de seda. Como é doloroso acordar e sentar de perna de índio e não enxergar méritos. Se eu não fosse eu, eu enxergaria essas coisas debaixo do tecido de seda da pessoa que seria eu. Você aí, eu quero dizer que tudo vira remoto sem controle, porque a seda é o que te vibra e as coisas camufladas pelo tecido, te amedrontam. É amanhã que você vai se obrigar a conhecer quem pode tentar manter algo bom; sem que depois de amanhã você precise sentar de perna de índio na cama e boiar esperando que a onda te afogue. Somos tão desgraçados. O corpo parece obedecer o suposto amor sem dor e nos testa sem que nos proíbe de cavar outro buraco e descer escalando devagar até o fundo. Nós não queremos sair do fundo. Devemos nos prevenir. Uma vez tentamos, caímos e preferimos atolar, mas o tecido de seda nos apalpa, faz um carinho aqui e lá, tira o musgo e as coisas que vivem debaixo dele nos empurra outra vez, de novo, até que você saia do buraco pra cair de novo. Novo. Parecia novo, mas caímos de novo.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

30 minutos

Uma das piores sensações encontradas é quando você identifica o seu problema porém não sabe o que fazer com essa identificação. Fui colocado frente a frente hoje. E não o cumprimentei. Ah problema, você que sempre se apresentou como dádiva, dom, talento, hoje se apresenta como o causador de todas as sensações que sinto. Pois é! Quando eu poderia imaginar que o meu carinho, o meu amor, minha dedicação deveriam ser evitados? Quando imaginar que abraçar o problema dos outros e resolver, tiraria toda a minha energia vital? Quando? 

Foi inevitável não pensar: Quem cuida de mim enquanto cuido dos outros? Inevitável pensar, fazer contas nos dedos e, pasmo, não encontrar ninguém. Hoje conversei sobre tudo com quem pago pra me ouvir. Abri todo o jogo. Todo o jogo escondido sem culpa, e confiando no sigilo médico. 

E escrevo por não ter com quem falar, desabafar, apenas nos 30 minutos semanais. Fora isso, tudo vai se resolver, daquela forma negativa e que venham os resultados. 

domingo, 1 de dezembro de 2013

Sentidos que não se sente mais.

Os dedos estalam rapidamente de uma forma doentia e param numa frequência, sempre no mesmo intervalo de tempo, e ousam tocar ali e aqui sem permissão, como se os estalos fossem distrair e os toques não fossem sentidos. E ele toca, toca ali, aqui, lá, dá uma cutucada trêmula e estala, estala, treme, autista. Sorrisos enigmáticos após os toques, receio de tocar com piscadas medrosas depois que toca esperando sempre um ”por que me toca?” E tocando às vezes sem resposta e mesmo assim se assustando e encurvando a coluna; ainda esperando um por quê. O toque era manso e depois beliscava meio desajeitado; ainda sorrindo, mas dessa vez um sorriso torto de gente dissimulada. Gestos fartos, um pivete imbecil cutucando, sempre cutucando; sempre não temendo, sempre se metendo, metendo o dedo ali no buraco, no redemoinho, com a ampla liberdade do que vem, virá, não virá. Toca ele de volta; depois que ele te toca, por favor, toque o pobre coitado de volta. É nítido, nítido como um barco sem remos no mar bravo que irá capotar. Nítido como as nuvens cinzas cheias d’água. Nítido como o palhaço triste e a mula sem cabeça com cabeça. Os toques frios, a sede de espalmar a palma na superfície do corpo, de filtrar o líquido nos poros, mordiscar, salivar, penetrar, marcar; mas são toques, toques, toques, toques, e a pele ficando flácida. E ali, só ele tocando, uma prosopopeia, duas latas vazias e uma tocando a outra enquanto a outra não vê, não percebe, rejeita, denigre. O suor de quem especifica com gestos e não recebe em troca. Um eco mímico. Ruas paralelas. Só ele toca, toca, toca. Só ela não vê, não vê, não vê que só ele toca e toca, toca, toca…