quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Pedro

Pedro era estranho, ele se sentia estranho. Pedro se sentia único ao mesmo tempo que se encontrava no meio da multidão perdida e desorientada. Pedro gostava de rock, mas era tão eclético que não se rotulava. Pedro não gostava da escuridão, não da padrão, mas da sentimental. Pedro tinha medo, muito medo ele enfatizava por vezes. Pedro tinha medo das dúvidas, dos anseios, dos acasos. Pedro não queria se decepcionar, mas essa se encaixa em Pedro, João, Gabriel, Emanuel...mas esse também era Pedro. Ele até se considerava um cara legal, mas se considerar algo nunca lhe foi suficiente, suficiente que sempre foi algo tão pouco a Pedro. Pedro se sentia perdido quase sempre, mas isso é assunto pra outra história de Pedro...

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

"Pedro"

Pedro amarrou o cadarço dos seus tênis sentado na beira da cama, ergueu um pouco a cabeça - o bastante para enxergar ao redor do seu quarto - e admirou seus próprios medos. O contratempo abastecia muito as vanglorias que quase sempre permaneciam miúdas e silenciosas. Pedro deixou de sentir muitas coisas, mas não entregou seus medos aos ares. Onde há amor, há medo. Se o medo acabasse, não haveria mais amor. E Pedro sabia que não era possível viver sem medo. O terror que era tapar buracos às escondidas, numa desavença, afim de não ser visto, mas cuidando, ajeitando; mesmo que doloroso - porque ninguém percebia ou se importava - era uma dádiva que Pedro não deixava escapar. Pedro sempre escutou que a dor precisa ser sentida. E agora faz sentido. Aceitar tal condição dói o suficiente para Pedro sentir seus cotovelos ásperos e escuros. E também limita a sua sede de criar laços e ir contra a maré. Por muito tempo pensou ''para que viver se haverá dor?''. Essa sisma antecipada é uma das que ele rejeitou. Pedro parou de pensar nisso. Agora Pedro vive. Vive com muito medo, mas vive.