sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Incompreensível

Talvez o ônibus não passe nunca. Quando ele passar, o trânsito vai me irritar. Assim como quando estou ao volante. Eu vou desejar muito que algo me distraia, mas é impossível ouvir uma música enquanto o trânsito me atrasa para chegar ao meu destino. Forçar a atenção, ou qualquer gesto que vai contra essa permanente tensão, me dá tontura. Começar algo sem ter a certeza do cenário final, para uma mente ansiosa, é no mínimo frustrante. Minhas mãos vivem suadas. E eu sei o motivo. Mas explicar a sensação de que algo vai dar errado, que o carro irá bater, o céu escurecer, é completamente incompreensível. É completamente incompreensível sentir náusea por não conseguir arrancar uma pele do dedo.

Quero que esses apagões de memória parem, os de sentimento também. Quero que meus gatilhos respeitem o tempo, porque é completamente incompreensível sair de um lugar e esquecer que devo voltar. É completamente incompreensível pensar antes do acontecimento e não atravessar a rua porque algo te faz crer que um carro vai te atropelar. É completamente incompreensível você dizer por ai que vive com sono, mas não consegue dormir direito por medo.

Esperar enfartar a qualquer momento é muito incompreensível. Quem teria a coragem de contar a um amigo: “Eu tenho certeza que vou enfartar.” Ninguém.
Ninguém falaria para um amigo porque isso é completamente incompreensível. 

É completamente incompreensível prevenir sofrimento, como se esse tivesse data e hora marcada.

É completamente incompressível achar que alguém entende completamente o que eu escrevo.


É completamente incompreensível ser uma pessoa ansiosa.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

365

Então seca minhas lágrimas, me coloca nos seus braços, se devolva à mim!
Tira de dentro a saudade que agride, 
a tristeza que me oferece o cigarro que não cabe mais.
Volta a dizer as suas implicâncias.
Volta a falar.
Ressucita.
Não me deixe aqui tentando te encontrar.
Me leva com você, me busca aqui.
O sentimento é lindo, puro e verdadeiro.
Esse sou eu.
Essa é você.
No pensamento sempre.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Pedro era ansioso. Não podia estar frente a qualquer coisa que a sua ansiedade exalava pelos poros. Pedro se medicava, por vezes se auto medicava. Mas decidiu seguir as drogas prescritas. Pedro se arrependia de ter chegado a um estado que necessitava delas, mas ele não via nenhuma alternativa. Pedro tem crises, Pedro já teve crises. Pedro tem dificuldade de confiar nos seus remédios, mas Pedro não tem onde se segurar. Pedro as vezes sente que vai voltar a cair, mas ele tira um restinho de força e levanta. E levanta, Pedro!