sexta-feira, 19 de abril de 2013

Solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida. .. Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma....

Francisco Buarque de Holanda

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Horizonte

Tantas faces quanto seres diversos, é o corpo que faz a explicação do meu dia, o sol ilumina o trajeto qual percorre, revela as figuras nascidas à noite, quando ele dorme do outro lado do horizonte, tudo aqui dentro de mim se acorda em vontades de mil rostos e mil fomes, durante a noite novos monstros vão surgindo no meu caminho íntimo, uma rota por onde passa o coração do meu calor - a inocência - e eu sei que ela bate forte, e cospe fogo atrapalhando todos os reinos que ergui no dia anterior.

Minha batalha tem sido esconder as confusões em todas as mil faces, não quero nas minhas costas a luz fervente do sol ou seu peso de estrela rainha. 

Chega de olhar mil vezes para todas as direções, posso até aceitar a noite, e as quimeras escondidas na promessa de nascerem, mas a luz em tantos leitos de fracasso me chama à loucura.

Eu quero dormir do outro lado das montanhas, fugir num Pegasus alado, quero apenas um horizonte todos os dias...

sábado, 13 de abril de 2013

Amadurecência

Perdido em si, caminhando num sonho que fez-se em pesadelo. Fugindo, embebido de ilusões, correndo por uma rua interminável, até encontrar flores jogadas no chão. Flores que recolhe como filhas queridas. E neste instante, erguer os olhos e ver refletida a sua imagem num espelho. E ao tomar noção da própria face, assustar-se e sentir-se feliz, numa dualidade de amor e ódio, num limite entre real e virtual. Zombando de si, rindo de tudo, não conseguindo conciliar tristeza e alegria. Vendo-se como suave pomba a transformar-se em ave de rapina, para depois novamente ser pomba....

Modificando-se sem parar, não tendo respostas, mas andando em meio às dúvidas. Alucinando com as próprias perguntas...

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sem

"Estou morrendo sem estar doente, estou morrendo de uma existência fria demais para resistir. Olho através de uma janela para a luz de um dia terrível, que embrulha meu estômago. Ninguém mais se sente assim? Estarei completamente louco?"

Charles Bukowski 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Condição


E rodeado de sorrisos, indiferença, passa tempo em que mal se passa e sim corre, ele se sentou e esperou. Esperou ser visto, notado, ser atenção de público mesmo meio apagado. Ele queria era contar as coisas da vida, chorar quem sabe. Queria ter a segurança de mostrar voz e não ter grito de volta. Mas não... Além da certeza da tempestade, havia a ausência de onde se abrigar.

As cordas vocais estavam machucadas, e não só por causa do tabaco diário e ingestão de líquidos cortantes. Era sinal da vitória do cansaço, da fraqueza, de uma garganta arranhada, enquanto lágrimas pareavam em seu rosto.

Ele já não achava mais que estava ali como de costume; pensava que agora era condição. "Condição"...

O chão rodava, passava. Meio frio, áspero, sem chance de uma trégua, de um minuto para o café, de um bocado para o leite. O pão ainda na torradeira, esturricado. As pessoas se tornaram borrões enquanto ele corria para alcançar não se sabe o que e nem saía de seu lugar. Eram manchas que passavam e voltavam e passavam e voltavam. Andava em círculos.

Moria um pouco a cada segundo, descompassava o passo mais um tanto, perdia um ritmo que nunca teve e se tornava demasiado desritmado.

O vento voava depressa que nem se tinha mais espaço no armário, vontade de lavar fronha suada e lençol molhado. De sobra, entalado na despensa, carne podre na geladeira.

Ele queria era andar descalço e sentir o cimento e até, quem sabe, a terra, enquanto o mundo parava um pouco para assisti-lo. para enxergá-lo sorrir em público, se mostrar dançando talvez um tango. Ele seria visto. E tudo como um louco e assim figura real. Atenção merecida de marginal, que fosse.
Ator principal de filme, branco e preto, cinema mudo, tanto faz, não importa. Aplausos seriam ouvidos enquanto pernas estariam eretas.
Mas ele estava em condicional. Tinha mãos atadas e pés algemados, rosto pálido e voz rouca.
Foi derrotado não se sabe quando, onde, por quem, em quê... Saiu machucado de uma briga que, quando se deu conta, já estava jogado no chão.
Não conseguia se acostumar. Tudo aquilo lhe aguava os olhos e avermelhava o nariz, trazendo um ardor ácido.
Obedeceu sua condição e esperou. 
 
Esperou ser visto, notado, ser atenção de público mesmo meio apagado. Ele queria era contar as coisas, chorar quem sabe, Queria ter a segurança de mostrar sua voz e não ter grito de volta. Mas não... Além da certeza da tempestade, havia a ausência de onde se abrigar.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Lágrimas

Engraçado.
O Céu parece chorar.
E minhas lágrimas se misturam com as dele.

Quando o sol voltar a sorrir.
Já vai ser hora de ir embora.

domingo, 7 de abril de 2013

Já foi.

É preciso ter coragem
para ser feliz,
e eu, por toda minha vida, fui um medroso.

Tudo que veio,
já foi.
Passou correndo por aqui.

Que vontade de ser feliz.
Que coragem me faltou.

Traga mais uma garçom.
Porque essa, (assim como eu), esta próxima do fim.

Reivenção

Quiça tu sejas minha invenção
E de tão bela, e de tão tanto em mim
Eu me invente dentro de ti...


Permita-me nos reinventar?

Permita?

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Breu

Queria conseguir dormir mas so penso em partir, em seguir o brilho das estrelas e me tornar uma delas. Queria muito e nao sei como voltar.
Queria os seus olhos pra me guiar nessa escuridao que nao consigo sair.
Nao consigo e nao vou mais sair, nao tenho mais eles em minha direçao. O caminho esta um breu e eu continuo assim mesmo, ate que chegue ao fim e eu possa fechar os meus olhos.

Platonismo


Hoje o dia choveu
Talvez a grama tenha crescido
A água escorrido
Corrido para onde ela deveria ir
Partir
Talvez longe, fundo
No sujo, imundo
Na terra roxa ou vermelha
Barro nulo, laranja mudo
Talvez um choro
De leve "inho", samba rodado
De saia florida, colorida
Triste nota desafinada
Desvairada
Corda solta em marrom manchado
Som agudo de voz apagada
Talvez uma pintura
No piso branco-e-preto
Liso. Deslize
Tão áspero que machuca
Pouco latente
De caminho calmo e leve
Também desesperado, parado
Monotonia que sucumbia (vazia)
Talvez de pânico estômago doído
De rosto e pulsos marcados marcados
Passos rasos, incertos
Talvez pela sola enrugada
Vertigem de pernas bambas
Mancas, tortas
Grita. Revira
Talvez uma doce dança
Ou doença
A chuva que escorria
Ou a esquizofrenia
Ou apenas uma dor da partida.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Adeus?

É melancólico dizer adeus
a um grande amor,
é necessário, às vezes,
resguardar o sentimento...,
aceitá-lo somente na alma,
vibrando puras sensações.

É sempre sombrio dizer adeus
a um amor inesquecível,
porém, por vezes é imperioso
conservar o sentimento para depois...,
abandoná-lo apenas na lembrança,
momentos eternizados.

É sofrido dizer adeus
a um amor singular de almas gêmeas,
premente se faz, às vezes,
abrigar o sentimento para depois...,
renunciar,
deixá-lo adormecido...,
esperar renascer somente num futuro,
quiçá distante.

É muito triste saber
que é chegado o instante de dizer adeus...,
guardar o sentimento para depois...,
renunciar... para não ferir e ser ferido,
desampará-lo quieto
para florescer em outro tempo,
momento certo de ser vivido,
livremente...

É triste dizer adeus ao amor eterno,
mesmo que por amor.

Adeus assim se equivale a renúncia sublime,
a entregar o sentimento a Deus
e esperar pelas luzes do futuro.

Sempre, sempre.