quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Rima

-O Amor então também acaba?

-Não, que eu saiba.

-O que sei é que ele se torna matéria-prima que a vida se encarrega de transformar em raiva, ou em rima.

O poeta pena...

A pena essa com que escrevo,
é tão leve...
tem um pegar tão suave
e rapidamente desliza
sobre a minha folha de papel
sem qualquer trepidação.

O seu aparo desenha...
As letras saem perfeitas
e sem qualquer perda de emoção!

É tão dócil...

É um escrever de puro prazer
Que delicia ainda mais
aqueles que depois irão ler.

A escrita é assim, sem compromisso, sem força...ela simplesmente sai.



Um tempo de ausência. Fez bem.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Esboço.

Um tempo de vida, começo a lembrar de algumas coisas que eu passei. Algumas coisas que me deixaram dessa forma. Que me moldaram esse ser extremamente patético que eu sou. Foram tantas coisas, mas ao mesmo tempo coisas pequenas. Uma sucessão de pequenos atos, erros que montam o quebra-cabeça da depressão. A massa não entende, não te aceita dessa forma. Vem as críticas de como você está nessa situação, que você não valoriza. Pois é. Só posso dizer que você nunca vai saber pois você não sente. Não vive. Não tenta superar isso a cada dia que passa. A cada momento vivo é um vitória. Não falo aqui sobre esse sentimento que muitos pseudo-sentem apenas para fazer drama por ai, digo do sincero, aquele único sentimento do muito que você gostaria que fosse falso...mas ele não é.

Helloremorse

" A minha felicidade e a minha vontade de escrever são distintas. Minha necessidade de escrever, escrever, escrever no criado-mudo, no vapor, na pele de um amigo – quando estou feliz – ela some. Tenho um amontoado de devaneios em papéis, pastas, lápis e perco o hábito (o meu proferido) quando respiro de verdade. São coisas simples que me alegram e eu sei que lidar com essas coisas, no meu caso, é meio esquizofrênico. Não me acostumei ainda com sensações boas, mas tenho controlado a minha inquietação; mesmo que elas não estejam nos papéis. Estar numa festa, passar entre as pessoas que dançam e se sentir meio fora de si. Levar o pensamento pra fora dali e voltar a lucidez com algum empurrão. Escrever me conforta, mas ser feliz ainda não. Reagir simultaneamente numa válvula de escape entre o que me angustia e me faz feliz é difícil e tentador. Palavras que definem a minha tristeza e a minha alegria. E são distintas; mesmo que seja mais prazeroso insistir pelo o que não está ao alcance. Eu vejo isso nas pessoas, mas não fazia parte de mim exigir esforços ao que não vinha sem eu pedir uma vez só. Agora eu consigo, mesmo que isso não esteja nos papéis, mesmo que, para escrever sobre ter lutado e conquistado seja difícil. Sou feliz por estar feliz, sou triste por às vezes injustiçar o meu talento que acolhi enquanto estive triste por ter ido atrás de alegria.

Minha doce maldita e desvairada tristeza, eu prometo escrevê-la pelo resto da minha vida, nem que pra isso eu tenha que dar um basta na felicidade… "

Do descritor de sentimentos alheios: Leo. (http://helloremorse.wordpress.com)

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Amadurecência

Perdido em si,
caminhando num sonho
que fez-se em pesadelo.
Fugindo, embebido de ilusões,
correndo por rua interminável,
até encontrar
flores jogadas no chão.

Flores que recolhe
como filhas queridas.
E neste instante,
erguer os olhos
e ver refletida
a imagem num espelho.

E ao tomar
noção da própria face,
assustar-se e sentir-se feliz,
numa dualidade de amor e ódio,
num limite entre real e virtual.

Zombando de si, rindo de tudo,
não conseguindo
conciliar tristeza e alegria.
Vendo-se como suave pomba
a transformar-se
em ave de rapina,
para depois
novamente ser pomba...

Modificando-se sem parar,
não tendo respostas,
mas andando
em meio às dúvidas.

Alucinando com as próprias perguntas...

Noite

Boa, noite.

Sons
Suspiros
Sensações
Cheiros
Causos
Contos
Pensamentos
Poesias
Particular

Noite, boa.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Quem sabe

Quem sabe o que é ter e perder alguém
Sente a dor que senti
Quem sabe o que é ver quem se quer partir
E não ter pra onde ir
Faz tanta falta o teu amor, te esperar...
Não sei viver sem te ter
Não dá mais pra ser assim
Quem sabe o que é ter sem querer pra si
Não quer ver outro em mim
Não fala do que eu deveria ser
Pra ser alguém mais feliz
Faz tanta falta o teu amor e te esperar...
Não sei viver sem te ter
Não dá mais pra ser assim

Licença poética

no começo da escrita não havia ponto ou vírgula o texto era um rio que corria sem que se pudesse perceber as correntes o sentido do texto era revelado por um leitor verdadeiro sacerdote que fazia a ligação entre o verbo da palavra e a carne do mundo lia quem sabia reconhecer as pausas a mensagem estava entre as palavras com o tempo criaram-se os sinais de pontuação .:?,!; para uniformizar o sentido já que diferentes intérpretes realizavam pausas também diferentes mas então veio a poesia e desfez o trabalho dos sinais na poesia cada palavra não diz apenas o que se quer dizer só pela poesia deus pode ser filho de deus e a poesia mesmo sem versos ou rimas inventou pausas nos textos e embaralhou as palavras e cada um lê como respira uns profunda e lentamente outros leve e saltitantemente tem poesia na bula de remédio altas doses e uso a longo prazo no cartaz pregado no poste seu amor de volta na fala da mulher suor lágrima e água do mar poesia está onde se pausa onde se pousa antes da continuação do vôo está em parar de bater as asas e deixar-se levar pelas correntes invisíveis do ar poesia não precisa ser longa para ser grande poesia poema não se lê se cria quando se pára para respirar palavra se esconde do olho na voz no gesto viver é assim mirar o rio pausar o rio sem que ele pare para respirar e pausar a si que mira o rio e nele adentrar ser corrente corrente corrente e abrir-se em sentidos quando alguém lhe pausar

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Amores achados e perdidos.

É na noite, no bar pobre, de piso trincado, balcões encardidos e lâmpadas amarelas, que homens decrépitos, agarrados aos corpos e as cinturas das moçoilas, se tornam reis. O Álcool e sabe-se lá o que mais sobem à cabeça, descarregando emoções e potencializando fortalezas. É a vida que passa pela madrugada. Ou são as necessárias madrugadas atravessando a vida?
Discursos ferozes e sensíveis. É o poder de mando que se perde no vento, mas vai se renovar no gole de amanhã. A salvação do mundo está nas palavras destes mestres da perece esperança e da sempre adiada realidade, que desfraldam a bandeira da vitória como se a vida fosse tão somente um detalhe e o bar um eterno presente.

Depois da porta dos fundos, surge o paraíso num acanhado corredor com entradas lado a lado. Desvairados noturnos, vampiros em festa sugando fugazes prazeres ao som de canções derramadas de paixão. Lá na frente para a rua, as vozes gerais, uma imensidão de sons; os risos abertos e os sentimentos expostos; e os movimentos, sob o ritmo de uma trágica alegria, com hora certa para ter fim, mas com dia marcado para recomeçar...É a catarse programada para o confronto com as tensões, medos e impotências diversas.

Amores achados e perdidos. Sob a luz âmbar, as meninas sem inocência, de todas as idades, estrelas brilhantes, parceiras da noite e de tantos quantos forem buscar conforto, girar seus saltos, e ativam todos os sentidos. Aliviam as dores dos homens ao mesmo tempo em que se esquecem das suas. Encontros nos descaminhos, prazer e sobrevivência, perfumes e suores diversos, mistura de odores e sonhos, palavras soltas e confidências relapsas, beijos cálidos e abraços amigos...
Um mercado de ilusões em que a troca é mais que urgente, é a essência para prosseguir. Enquanto isso, as mariposas dão rasantes suicidas em direção as lâmpadas. Tal qual as meninas. No bar proibido para menores e para maiores virtuosos, a noite é a rainha permissiva.

No primeiro olhar, um ambiente de decadência explícita, a reunião dos que ficaram à margem por razões distintas e não podem ou não querem atravessar para o outro lado. É a soma e a interatividade de todos os vícios. São os escombros morais.

Lados opostos e próximos. O outro olhar é aquele que enxerga além dos móveis e objetos tristes e gastos, dos cômodos pequenos e simples, das garrafas vazias, das canções e das paixões descartáveis. É aquele que tenta clarear as luzes do teatro para desnudar os personagens, tirando-lhes a maquiagem para encontrar o real e compreendê-lo. Esse olhar que busca o entendimento é o que vai fazer poesia...

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Prosa.

Eles queriam apenas uma conversa de boteco, aquelas sem hora pra acabar, sem dia pra clarear, sem razão pra incomodar. Queriam falar de qualquer coisa: política, amizades, amor..até de futebol. O principal daquele papo bem humorado, era apenas a presença de um e outro. Aquela presença que vinha sem julgamentos, sem pressões, sem razões e sem expectativas de nada. Ele apenas existia e coexistia em ambos. 

E o garçom disse: -"Ei vocês? Não vão embora não? Vocês são os únicos aqui. Temos que fechar o bar"; Eles responderam musicalmente em uníssono: - "Deixa que digam, que pensem e que falem. Deixe isso pra lá o que é que tem? "

E aquela prosa com sensação de ser interminável, teve fim, junto com o alcool, com os cigarros -com o garçom puxando as cadeiras-, mas nunca com as palavras. Afinal, elas que os uniram, o deixarão unidos por um tempo. Longo que seja, pensou um deles. 

A certeza de que outras virão permanece.

Pra vocês 3.

Não acredite em poetas: Eles mentem.

Os poetas sofrem
Por gostar de sofrer
Pois a dor, a dor é bela
E é da dor que nascem os mais lindos versos.

A dor do poeta é como o riso do palhaço [ou pierrot]
Ele sente mesmo sem sentir,
Ele gosta mesmo sem gostar,
Pois é dela que vem o encanto de sua arte

E por mais que um palhaço [ou pierrot] não queira sorrir,
Ou um poeta não queira chorar,
O riso e a lágrima afloram de suas almas
E brotam em suas faces, convertendo seus sentimentos

E a alegria do poeta se transforma em dor,
E o riso vira choro,
E ele sofre, ele dói e ele morre,
Mas isso lhe dá prazer!

Pois é da dor que nasce a poesia
E a poesia é alimento pra sua alma,
A poesia é o que o faz viver.

Flores

Como um velho cata-vento em acrobacia.
Meus ledos pensamentos agora já perdidos.
Tomados de memória volvem em calmaria.
Na paisagem, transpassam os meus passos.

Sob o céu toldado de amarelo queimado.
Deleito desse esteio, a cantarolar entregue,
nesse prado iluminado, de vento adocicado.
Floresço bordado de luz, na alma alegre.

São nesses momentos que semeio as minhas paixões.

Faço da vida a melhor tradução do meu coração.

A arte do desapego

O desapego deixa tudo mais solto, o corpo, o riso, a alegria, a vida.
É uma questão de predisposição, de treino, de persistência.
Nos meus raros momentos de total desapego (material, emocional, mental), tudo flui, tudo é compartilhado, tudo é mais rítmico, mais melódico, mais harmônico.

Mais bonito. 

Temos o livre arbítrio, sou convicto disso. Mas há também o fluxo do Universo. E contra esse não se deve brigar. Tem que saber senti-lo, deixá-lo agir e agir com ele, sabendo aproveitar as oportunidades que ele oferece.
Se uma janela se fecha sempre há outras se abrindo. Há que se escolher (daí o livre arbítrio) aquela(s) que nos faz(em) bem. Que nos leva(m) ao caminho da evolução e da felicidade.


Pensem nisso.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Vazio

Hoje estou sentindo um vazio.
Mas não o vazio comumente sentido, desejado e aceitado. 

Um vazio diferente.
Hoje eu sinto um vazio que precisa e quer ser enchido.
Que precisa de fogo pra puxar o oxigênio desse vazio.
Eu sinto que apenas preciso de um vazio que se esvazie. 


E nada além disso.
 

Esse vazio tem o teu nome, tem o teu cheiro, tem o teu sabor.
Dentro do meu vazio se encontra o teu e no teu se encontra o meu.
Dentro desse vazio, recolho as minhas antologias sentimentais e me despeço.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Toujour.

Se no princípio era o verbo e o verbo se fez carne... então o corpo começou pela boca. No princípio era a voz e a voz se fez língua, dentes e lábios.

A boca fala do que o coração está cheio, logo falo para tomar conhecimento de meu próprio peito.

Eu, bicho urbano, não tenho à mão essas coisas do sertão. Minha criação é só palavra: verbo feito em carne fraca. Dou do que sou porque não pude dar do que tenho. E agora sei que paga melhor é ser do que ter. Porque quem dá o que é não fica sem o que deu.

Há um tempo entre o início do verbo e o final da carne. A crônica não se segue imediatamente ao acontecido. A vida se intromete no escrito, com intimidades de reescrevê-lo. A criação do corpo principia na boca, mas não termina ali.

A crônica chega ao fim. O verbo que ouço virou carne de texto e de alma. E percebo que minha voz fala pelos meus dedos na esperança de um dia te amar até o limite do que não tem fim.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Confesso

Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem. Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem não parar, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser, que quero fazer. Confesso que você estava em todos esses meus planos, mas eu sinto que as coisas vão escorrendo entre meus dedos, se derramando, não me pertencendo. Estou realmente cansado. Cansado e cansado de ser mar agitado, de ser tempestade… quero ser mar calmo. Preciso de segurança, de amor, de compreensão, de atenção, de alguém que sente comigo e fale: “Calma, eu estou com você e vou te proteger! Nós vamos ser fortes juntos...juntos, JUNTOS.” Confesso que preciso de sorrisos, abraços, mordidas, beijos, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo. Confesso, confesso, confesso. Confesso que agora só espero você...

Vazio

Queria conseguir dormir mas só penso em partir, em seguir o brilho das estrelas e me tornar uma delas. Queria muito e não sei como voltar.
Queria os seus olhos pra me guiar nessa escuridão que não consigo sair.
Não consigo e não vou mais sair, não tenho mais eles em minha direção. O caminho está um breu e eu continuo assim mesmo, ate que chegue o fim e eu possa fechar os meus olhos.

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Anjo Negro

Anjos negros descem do céu
Trazendo novas deste meu amor,
Vêm trajados de solidão.
Empunham numa mão o meu nome
E na outra uma faca embotada
De tantas vezes se cravar em mim.

Pairam sobre a tua casa,
Clamando o teu nome sem parar,
Vêm trajados de dor.
Numa face trazem o meu olhar
E na outra a memória do teu beijo seco
De tantas vezes me ressuscitar.

Morrem na tua calçada
Decorando os teus passos de negro,
Vêm trajados de mim.
Numa mão ofereço-te o meu amor
E na outra guardo esta cruel felicidade
Que chora de tantas vezes me fugir
.