quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O céu

Engraçado.
O Céu parece chorar.
E minhas lágrimas se misturam com as dele.

Quando o sol voltar a sorrir.
Já vai ser hora de ir embora.

(...)

Diz uma lenda que o Sol e a Lua sempre foram apaixonados um pelo outro, mas nunca podiam ficar juntos, pois a Lua só nascia ao por do Sol. 
Sendo assim, Deus na sua bondade infinita criou o eclipse como prova que não existe no mundo um amor impossível!

Pois é.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Início, meio e fim.

Começa assim:
 

A morbidez acalentando a noite

pisando leve os passos da esperança.

E é quando sonâmbulos seres

se procuram e não se encontram,

que o silêncio se transforma

em grito surdo e cortante

no íntimo destes seres...

E o sofrimento a nascer...

O nada é mais visível...

Penetrante inquietação brota,

da pele...

Busca inconstante que se parte

Num momento qualquer da vida

quando o eco da procura

encontra resistência no futuro.

E o tempo engole impiedoso

noites e noites sempre iguais

de incontestável solidão!

Já não se pode voltar

não há marcas no caminho.

E a morbidez aumenta...

Perde-se então no esquecimento

... e na caracterização...

Termina assim.

Ilusão

Doce ilusão que aflora minha alma, que corta meu coração e sangra minha mente.
Doce delírio que de tanto acreditar, tornou-se real, por instantes, semanas, dias, tão translúcido, tão sereno que por vezes eu tocava, sentia, cheirava.
Como um sonâmbulo em delírio corri o mundo, refis meu caminho, saltando de sonho em sonho, tentando trançar os fios do destino, tentando tornar o sonho mais longo.
Quem disse que a perfeição é chata? No meu sonho, no caminho de minha fé, ainda tento segurar firme minha razão que escorre por entre os dedos…
Oh tempo que me destrói, que sempre me trás a realidade, tão cruel e sem gosto, que dele nem quero mais, amarga e sem cor, sem vida….
Que bom seria se meu sonho não acabasse, se nele pudesse continuar vivendo, sobre os rochedos do infinito, sobre as certezas do nada…
Mas a realidade é mais forte, mais dura, mais complicada, assim, passo meus dias a pensar nas noites, nas noites que começo a viver, onde abro as portas dos sonhos e me jogo por inteiro, na vida que sempre quis….
Porque viver não pode ser um sonho, porque meu sonho não pode ser minha vida…? 


Assim adormeço e começo a viver…

Doce vida seria a minha, se eu não acordar jamais…...

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Teu nome

Diz-me o teu nome - agora, que perdi
quase tudo, um nome pode ser o princípio
de alguma coisa. Escreve-o na minha mão.
 

Com os teus dedos - como as poeiras se
escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-me no ouvido.
 

Como ao levar as palavras de um livro para
dentro de outro - assim conquista o vento,
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes de partires, pousa-o.
 

Nos meus lábios devagar: é um poema
açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.

Ninguém esquece um corpo que teve
nos braços, por um segundo - mas um nome sim.

Noite

Nestas horas mortas que a noite cria, entre um e outro verso do pavoroso poema, que sob a pálida luz de uma vela eu lia, me chegavam antigas lembranças de um dilema.

Quanto amargo e dissabor o silêncio produz! Entre as sombras vacilantes da noite, chegam em formas indefinidas, que sobre minha cabeça pairam, aves e outras criaturas aladas que de infernal recônditos alçam vôo até minha mente, a perturbar minh’alma.

Essas formas indefinidas das sombras criadas pelo medo, ocupando o vazio do meu ser, preenchendo o que antes era de sentimentos sublimes e, agora, somente o sentimento de dor. O que antes era alegria, agora é tão somente o dissabor.

Que pena paga um condenado pelos sentimentos! Oh, agonia incessante. Que martírios mais terei que suportar? Como um medo tão latente do desconhecido, pode tanto me apavorar? Será do vazio de minha alma que sinto medo? Ou do esquecimento do meu ser, por outro já amado?

Não é do fim da vida que treme minha alma, mas do fim do sentir-se bem eterno. Não mais existir não é tão doloroso quanto o existir sem ser notado, ou amar sem ser amado, ou perder o que jamais será recuperado.
 
Anoiteceu aqui. 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Quimeras.

Queria ter vivido melhor, porém a mediocridade sempre me foi farta e generosa nos caminhos que escolhi para viver. 
Queria ter sido mais alegre, porém a tristeza sempre foi companheira fiel nos dias intermináveis de abandono.
Queria ter amado mais as pessoas que conheci, ou que fingi conhecer, porém na maioria das vezes, eu também não me conhecia. 
Queria ter andado mais livre, porém, algemado à ignorância, perdi muito tempo  tentando voar sem sequer saber andar. 
Queria ter lido mais livros, porém, analfabeto de ousadia, passei muitos anos enxergando pelos olhos adormecido de outras pessoas. 
Também queria ter escritos mais poemas do que bilhetes pedindo desculpas, porém as palavras sempre me vieram como culpa, quase nunca como estrelas. Queria ter pensado menos no futuro, porém, o passado simples nunca foi o melhor presente. E a eternidade sempre me pareceu coisa de gente que tem preguiça de viver. 
Queria ter sido um homem mais humilde, porém, a vaidade e a ganância sempre me cercaram de mimos e coisas que até hoje não sei para que serviram. 
Queria ter pregado mais a paz, porém,  covarde, gastei muita munição tentando atingir amigos e desconhecidos que não usavam coletes à prova de balas nem blindados no coração. 
Queria ter dito mais a verdade, porém a mentira sempre foi moeda de troca
para comprar o respeito e admiração das pessoas fúteis de almas vazias. Queria que o mundo fosse mais justo, porém, avarento de nascença, fui o 11º a esconder o sol na palma da mão, antes que o vizinho o fizesse. E mesquinho por vocação escondi as noites com lua para que os poetas não a cortejassem. 

Queria ter dito mais besteiras, porém fui desses idiotas amantes das proparoxítonas...E sujeito oculto nos bate-papos de botecos de esquinas, onde a vida não acontece por decreto. 

Queria ter colhido mais flores, porém o medo de espinhos afugentou a primavera...E outono que sempre fui, plantei inverno quando a terra pedia verão. Hoje queria ter acordado mais cedo, porém, temo que para mim seja tarde demais.

Processo.


Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo no meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais - por que ir em frente?

Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia – qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê.

Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certo que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros!

Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez insanidade, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!

27 luas.

Aniversários são patéticos e poéticos.

Presentes para fingir que se importa, frases para fingir que gosta e momentos importantes para fingir que sua vida é perfeita. Patético!

Se você é meu amigo, de verdade, daquele que eu posso ligar de madrugada para me buscar no aeroporto/rodoviária ou pode passar a noite inteira me vendo falar besteiras, me mande um abraço que eu já estarei feliz. Mas me mande um abraço sempre que você quiser me abraçar, me mande parabéns por estar mais um dia na vida de todo mundo.

Presentes? Não gosto de obviedades! O melhor presente que eu já ganhei na vida foi um reconhecimento de uma amizade, de um amor. Eu sou simples, poético, artístico, estranho, medroso, instável, mas não sou materialista. Seu abraço, que você pode me enviar em qualquer "desaniversário", vai valer para mim muito mais que qualquer outra coisa e me deixar um pouco melhor na sensação de leve depressão, aquele estado de espírito que deixa as coisas um pouco mais leves, as músicas um pouco mais melosas e os amigos um pouco mais essenciais. 

Não vou fazer nada especial hoje, porque faço especial todos os dias da minha vida. Só vou beber muita cerveja, me empanturrar de comidas gostosas e assistir minhas séries, igual a todos os outros dias, porque tento fazer todos os dias coisas que me fazem feliz.

De qualquer forma, feliz aniversário pra mim.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Saudades

Me pediram pra postar algo sobre a saudade, espero corresponder a solicitação.

Tenho saudade daquilo que foi um dia, 
Saudade daquilo que era pra ser um dia.
Saudade do eu, saudade do você conjugado em nós.
Saudade dos sorrisos, das alegrias, da paz, 

Saudade da certeza e da beleza do incerto.
Do azul do céu (como era lindo), do vento, das árvores, do canto...
Saudade da beleza das madrugadas, longas que só elas, das descobertas, confidências, afagos.
Saudade das palavras, gestos, atos. 

Transformações em gente, crescimento da alma, coração, virar menino e te apresentar o homem.

Saudades...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Em busca daquilo que é meu por direito.

Eu duvido que em mim haja melhor vértebra que as muitas colecionadas em teu nome, eu sou um esqueleto de princípios, e esse me faz andar seguro no horizonte do nosso destino.

Não há melhor estrutura, volto a lhe dizer, não há! Mas também tenho que admitir o quanto me envergo uma vez lhe tendo dentro de mim. Quando assim estou, guardo o medo de parecer ridículo diante dos outros aprumados, dos outros preparados para ver a Verdade de frente.

Tenho também inveja dessa gente ao meu redor que sinceras são. Homens e mulheres, numa contagem escassa, mas de uma significância infinita, uma vez em suas simplicidades me deixam apavorado, eu achando que meu governo pessoal não hasteou certo o mastro em nome da bandeira, e agora me recolho por baixo dos panos dela, tentando se proteger numa sensação de idolatria à causa da sinceridade, ao invés de fazer o certo e abrir o peito na reverenciação à virtude.

Guardo sim, todo o peso do mundo por não ser sincero o quanto gostaria, talvez porque eu esteja envergado demais e seja fácil pedir licenças para se esconder, eu não teria outra forma de explicar, afinal não é para todo mundo a beleza de se pagar o preço de estar diante de tudo.

Minhas palavras vão até você Sinceridade, mas eu mesmo sei que não é suficiente ser sincero contigo, vão até você no entanto, querendo ser enviadas de verdade a mim, talvez eu tenha medo de abrir a minha caixa de e-mail como já tenho em avançar com cada palavra, e eis cada uma delas aqui, endereçadas a ti como primeiras mãos antes das minhas, como uma mãe que recebe uma carta sobre o filho, e na verdade se sente carregando a mensagem agora na voz que realmente pode ser escutada.

Eu sou assim, poético comigo, penso que se tratar as palavras com algum capricho estilístico vou torná-las mais audíveis ao meu senso de realidade, mesmo parecendo tão doida a ideia, pois seria também honesto e eficiente ser direto e prático, ainda assim, com toda minha inclinação em direção ao cheiros mais baixos, prefiro a poesia ao ler os fatos.

Eu estou errado Sinceridade? Responda-me! Eu estou errado?

Vamos combinar que as palavras foram enviadas, que é tua vez agora de trazer em sua boca a mensagem que lhe enviei, pode ser dito a mim com poesia ou sem ela, mas eu preferiria com, diga-me sem medo de me assustar, pois sei que a coluna dentro de mim é fraca porém real, ela saberá segurar os pontos mais pesados dentro do meu nome e significado.

Eu vou ficar esperando, selado com endereços firmes, carregarei essa carta por muitos metros e quilômetros dentro do horizonte nosso, um dia abro minhas mãos, e a tiro do peito protegido, colocarei numa caixa de correio, achando que daqui por diante andará com as vértebras que eu não consigo carregar a coragem em tudo que se diz de mim.

E eu sigo sempre assim, na constante luta do bem contra o mal, eu contra você. Meu conhecido abismo do que é certo, moral, ético e daquilo que eu gostaria de fazer de fato. Nas minhas palavras eu perco os sentimentos que transbordam e se ocultam a cada dia que passa. Eu perco o sol, a lua, o mar... perco aquilo que me resta... mas que por ser resto, não merece tanta atenção assim....

Com o tempo...

Com o tempo aprendemos...

a não perguntar...
a não falar...
a não procurar...
a não pensar...
a não querer...
a não lembrar...
a não ligar...
a não gostar...
a não amar...
a não sorrir...
a não pedir...
a não sofrer...
a não ver...
a não chorar...

e aí morremos!
o problema é quando ainda respiramos...

O interior, interiorizado.

Fecho os olhos
Olho dentro de mim
Imensidão tão sem fim

Lá encontro o que preciso
O melhor abraço
Um iluminado sorriso
Coisas que tenho
E não me desfaço

Viajo em instantes
Tenho um rumo marcado
Felicidade....sabe o que é?
Não vou mais chorar
Pelo que está acabado

Sigo em paz, e agradeço
Olhando dentro de mim
o que aconteceu de ruim
um dia, eu juro que esqueço...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Garçom, me traga mais uma
Porque essa,
Assim como eu,
Já está no fim.

Não tenham um blog bebado. Sem mais.

Sobre estrelas

Como eu gostaria de ser como as estrelas.
Cientes daquilo que são, do seu lugar no espaço.
Pacientes ao ponto de permanecerem brilhando,
Enquanto o dia não acaba.
Certeza de brilhar cada vez mais forte.
Iluminando os passos de quem se apaga.
Se apega.
Como seria se fosse eu uma estrela, que insistentemente
Brilha...
Quando a sua volta se enxerga a escuridão.
Não
Eu não uma estrela
Sou apenas eu
Um fúlgido brilhar na imensidão do que chamamos de vida.
Vida que constrói
Que destrói
Vida de fora pra dentro
De dentro pra fora
De corpo e alma
De vida em punho.


Eu já gostei das estrelas, hoje, prefiro a lua.

(...)

Peço licença pra contar um "causo". Uma vez em uma conversa cheguei a uma concusão sobre a poesia, que poema bom é poema inacabado. Quem acaba o poema é o leitor-poeta, que completa a entrelinha, que rouba o lugar da vírgula, que sonha ter voz, mas não pode. Porque a palavra deixou de ter voz, para ser texto, e texto, nada mais é do que intensão... impressão de alguém e de tinta sobre um papel. Todos nós somos poetas, poetas da vida, dos anseios, dos amores inacabados como os nossos textos, como os nossos poemas, como os nossos carinhos, como as nossas intenções.

Solidão

Queria tirar tudo da solidão. 
Sua beleza silenciosa, sua cor escura, sua serenidade macabra.
Seu desejo de engolir a noite.
Tirar tudo e transformar em poesia.

Em novas cores, novos rumos...
Na solidão quero um espelho, um conselho, um zumbido no ouvido.

Só não quero ficar só, porque ninguém quer.
Ninguém consegue... eu duvido...

Sozinho

Se amargurava
com o punhal
que ele próprio cravou
em seu peito,

chorava,
bebia,
chorava,

e desejava
não mais sonhar,
não mais amar.

Queria que o seu coração,
espontaneamente, parasse
e que ali ficasse,
calmo, tranqüilo, sereno...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Sacana

Certa vez eu disse a um amigo: 

"-Mas ela é a mulher da minha vida!"
 

E na mesma vez, ele me disse: 

"- Ela é uma das mulheres da sua vida."

Na hora não fez sentido.
e isso tem que fazer sentido?
Rodamos tanto e tanto, para no final saber
Em casos de amor bons, temos mais é que nos fuder.

Piscina de navalhas
atitudes de canalhas
nossa humanidade gera falhas e mais falhas

agora eu quero é farra
quero noite, prazer, e auto-estima
e vocês, mulheres, malditas
de vocês eu quero na marra

Suspiro de românticas projeções a respeito de um desconhecido (eu mesmo)
te enganar com meus falsos ares de bom moço
quero teu sexo, como se quer um almoço
num pé sujo, num boteco de esquina

e eu tenho a fome de um estivador
que de tanta fome
quase tem raiva do estômago.
tenho raiva de você
eu cuspo no prato

quero te engolir, para te vomitar
quero te humilhar
quero te mostrar que você não vale nada

não quero nada...

eu quero tudo.
te darei banho
pedirei desculpa...

beijarei seus olhos
faremos planos
pedirei sua mão

eu errei
eu não sei fazer (e quem sabe?)
mas eu quero
me ajuda
se quiser

eu quero


você!

Posso tentar de novo?


Lá do antigo, com colaboração de um amigo.

"Filosofices"

Novos amantes, sempre tão apaixonados, sempre tão orgulhosos do novo amor, mas ao mesmo tempo pesarosos pelo passado do novo amado.
Nutrindo um medo irracional do que foi, sem conseguir entender que é da natureza dos amores serem dados a indas e vindas. Com isso por muitas vezes esses novos amantes acabam por não fazer o que deve ser feito quando se encontra um amor. Seja por sorte ou dedicação quando um amor é encontrado, aos amantes só resta uma coisa opção, devora-lo.
É isso que faz um amor saudável, perder tempo com mesquinharias, como testando-lo, faze-lo passar pelas mais descabidas provas, a fim de por lhe a prova  acaba por desgastar o amor e só serve para apressar sua natureza de sempre partir. 


Outro devaneio. 
 

Crença pt.2

Lembro quando você me olhava,
com aquele olhar apaixonado,
do teu lábio vinha um sorriso tímido,
o qual, eu respondia com um beijo.

Seu amor era somente meu,
e o meu, somente teu.

Como era bom a época em que acreditávamos em algo.
Como era bom a época em que acreditávamos no amor.

Ela volta?


Devaneiado em um momento de falta de fé.

Crença

Então seca minhas lágrimas, me coloca nos seus braços, se devolva à mim!
Tira de dentro a saudade que agride, a tristeza que me oferece o cigarro que não cabe mais.
Volta a dizer as suas implicâncias.
Volta a falar.
Ressucita.
Não me deixe aqui tentando te encontrar.
Me leva com você, me busca aqui.
O sentimento é lindo, puro e verdadeiro.
Esse sou eu.
Essa é você.
No pensamento sempre.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Sentir os sentidos


Uma vez me pediram para falar sobre sentimentos, mas falar sobre sentimentos é complicado, porque na maioria das vezes ninguém consegue entendê-los a não ser quem os sente. Por mais que você narre um momento, destaque os detalhes e faça isso com destreza, não conseguirá expressar exatamente o que você sentiu naquele instante. É essa a magia, é na simplicidade da compreensão singular que encontramos o encanto.

Sabemos que a vida - e falo de sua parte boa - se faz de pequenas coisas inexplicáveis. Pequenas, sim. Aquelas coisas que quase sempre são imperceptíveis ao olhar alheio mas que passam a te habitar e não importa quanto tempo fique para trás, você ainda poderá sentir um toque, um cheiro, um gosto. Você não consegue explicar, mas sente. E se sente, explicar para quê?!

Então basta um segundo antes de um beijo ou de uma carícia, para que o momento se eternize. Você irá beijar outras vezes, acariciar e ser acariciado, mas nada sequer chegará perto de se tornar tão marcante quanto aquele segundo antes do ato. Aquele "mero" segundo que precedeu horas se torna um marco. E você se lembrará sempre dele, por dias, por anos, por uma vida. Talvez por mais de uma.

A única coisa capaz de levar à compreensão é a intimidade. Você não precisa nada dizer, gesticular ou insinuar, você se faz entender. Acontece através de um encontro entre olhares e… Apenas acontece. É natural, chega a parecer místico, mas é algo simplesmente natural. É do íntimo que nasce a entrega, a comunicação em silêncio, a única que pode ser extensamente compreendida - e se um sentimento só pode ser entendido por quem o sente, é na intimidade que o outro encontra espaço para fazê-lo.

Sem que você perceba, tudo passa a fazer sentido. Não é preciso filosofar, indagar, analisar. De uma hora para outra você descobre que perdeu tempo demais tentando decifrar os mistérios, procurando um porquê que nunca teve necessidade de ser. De repente tudo fica claro (e colorido), então você não se importa mais com os motivos, quer apenas sentir - sim, tudo passa a fazer sentido.

As pessoas se manifestarão, mas nada do que dizem parece te atingir dali em diante. Onde quer que você esteja, estará no caminho certo, independente do que os outros irão falar, opinar, teorizar. Viver se tornou mais importante do que ouvir.

O mundo passa a ser seu e vem aquela vontade voraz de abraçá-lo, tomá-lo em seus braços sem se importar com o que passou, porque agora você compreende. E se alguém te diz que é impossível abraçar o mundo, você responde: - Impossível é te fazer entender, porque você não sente.

Senhor do Tempo

Se eu fosse Senhor do Tempo, as horas não passariam tão devagar como estão passando agora, nem passariam tão depressa como aconteceu antes. Elas teriam sua certa duração, de acordo com a minha vontade. Poderiam até mesmo parar no instante em que eu desejasse, sob a influência de um estalar de dedos, dos meus dedos, esses mesmos que escrevem agora para eternizar aquilo que, de outra forma, ficaria apenas na lembrança. Se eu fosse Senhor do Tempo, o passado não seria fixo, não seria imutável e talvez sequer fosse passado. Eu poderia conjugar os verbos no tempo que eu bem quisesse (afinal, eu seria seu Senhor) e não precisaria esperar por um futuro que quero viver agora. Não, eu não precisaria nem mesmo esperar. Se eu fosse Senhor do Tempo, aquele momento se repetiria por muitas, muitas e muitas outras vezes. Eu o prolongaria, brincaria com ele como uma criança, sem pressa, sem compromisso.

Depois de reviver as sensações, cada uma delas, por quantas vezes eu sentisse vontade, eu colocaria o tempo em suas mãos. Seus dedos estariam sobre o relógio e você poderia brincar de ser Deus. Te faria a Senhora do Tempo. Então, o que você faria? Teria coragem o suficiente para apressar as coisas, pular etapas, dar um salto maior do que é capaz agora? Ou moveria os ponteiros ao contrário, para assim poder fazer tudo de forma diferente? Enfim… Se eu fosse Senhor do Tempo, não estaria fazendo tais perguntas. Eu teria todas as respostas sem precisar perguntar.

Mas o tempo é real e é cruel, ele finge não passar nunca ou passa rápido demais e esses movimentos nunca estão de acordo com a nossa vontade. Nem com a minha, nem com a sua. Então, enquanto fico aqui pensando no Tempo como se seu Senhor eu fosse, ele insiste em provar que me bastaria ser Senhor de Mim...

segunda-feira, 2 de junho de 2008.

Minha sina

Poetizando e fingindo, sendo uma hipérbole ambulante e neologista de criação, passei a desenvolver o dom de ser (drama)turgo.
E foi então que descobri que, escrevendo, eu poderia ser tudo.

Eu poderia ser o sonho de muitas e talvez até mesmo o meu. Poderia ser palavras que nunca foram ditas por falta de coragem ou por atropelamento da semântica.

E poderia ser aquele que lê para escrever e escreve para ler. Ler nome de ruas e avenidas, giz na madeira, lápis na parede, riscos em cartas, pichação em cimento quebrado.


Ler canções, olhos e olhares, poesias, sorrisos e lágrimas. Pensamentos, medos, lábios, beijos.


Essa é minha sina, minha retina e minha rotina.