quinta-feira, 28 de março de 2013

Repostando.

Escrever não o que está sendo, mas o que há de vir... Como quem descreve o sonho antes de dormir. Feito quem planeja instantes sem planos de os cumprir.

Pouco tão me falta. Eu padeço é de raros excessos.

O corpo é corda — levemente tensa — de instrumento. Alguém que toca. O corpo que dança não é o que dança, é o que é tocado, e junto toca. Existe o silêncio do antes, o impacto do momento e a vibração do depois. Silêncio novamente.

Diz o sal:
— Vá, dor!
E a dor se vai em salgada obediência.

O bem é tão grande que envolve o mal em suas pequenezas e o faz girar: rodopios de dança.

Este mundo está levitando. A música está tirando nossos pés do chão. A alegria nos assombra feito um fantasminha. Brincadeira de criança: vida, tempo, som.

De vez em quando, levamos a sério. Crises, desastres, assassinatos, violações. A vida é tão amedrontadora quanto um teatro de assombrações.

As histórias precisam do tempo que se sucede. E o tempo não se sucede mais em mim. Olho tudo e vejo tudo. O tempo se há convertido em espaço. Eu vejo tudo da minha distância. E — feito potente telescópio — vejo tudo em cada detalhe de tudo ser.

Mas desagradam-me as frases curtas, a prosa fria. Quero a alegria de ser quem não penso que sou. Estar na praia embaixo do guarda-sol ao invés de caminhar. Mover-me lentamente em engarrafamentos. Sambar um show inteiro. Passar a noite entre fumantes e bêbados.

Viajar devolve-me o coração. Viajar é chegar à beira de si: beira com beira de outro si. Viajar devolve-me as gentes. O corpo — corda — vibra com o olhar da menina, com o vestido da menina, com o canto da menina, com o toque. Meu corpo frágil feito uma bola de sabão — na mão espalmada.

Tudo por um triz. Avião que acelera antes vôo. Mão que vai abrir torneira. Sonho prestes já em carne. Texto quase sem palavra. Transição de relógio em meia-noite: muda tudo, muda nada.

Senhor do Bonfim, me dê um bom meio — porque o excelente começo já foi há algum tempo.

domingo, 24 de março de 2013

Não preciso dizer que te amo

Não preciso dizer que te amo.
Você sabe, sente.
Está no hálito das minhas palavras
quando te belisco com os olhos
no hábito das mãos em braille
no teu corpo em brasa.
Você desidrata, maltrata
mas é em tua boca
que mato a sede de beijo
de minha boca falida de saliva.
Me entrego ao ciúme delirante,
sim, eu sei,
mas o sol não tem nada
que ficar se esfregando no teu corpo.
Mergulhado em teu suor
aprendi a nadar
e ainda assim, feliz e afogado
muitas vezes morri de amor,
no silêncio do leite derramado.
De que vale o céu ou inferno
e se existe vida após a morte?
Dos teus braços
à tua virilha
da nuca nua
tua vulva minha ilha
sou o demônio homem
sou anjo menino
descobrindo o paraíso.
Não preciso dizer que te amo
você sabe, sente,
mas eu digo mesmo assim.

segunda-feira, 18 de março de 2013

O riso do palhaço sem alegria

Vai vendo a ironia do destino:

Tenho um amigo que estava já algum tempo desempregado, estava vivendo de bicos. Sei que tem muita gente que não sabe, mas viver de bico não tem graça nenhuma. Ele agora faz bico em uma loja de sapatos e a coisa mais engraçada é que ele não é vendedor, nem gerente ou faxineiro, meu amigo é o palhaço da loja. É.

Ele fica na frente da loja vestido de palhaço, fazendo graça para as pessoas que passam. Parece legal né? Mas não é.

Quando eu o vi e o reconheci até que foi meio divertido. Não sei se porque o patrão estava olhando, mas seus olhos e a maquiagem mal-feita, o traíram. Estava triste.

Puxa, pensei: "Um homem desempregado não deveria ser palhaço, ser palhaço não é uma profissão, é um estado de espírito, um dom. Taí, um presente!! E eu sei como é ser assim."

Que tristes tempos nós vivemos, em que os circos se foram para o nunca mais e os palhaços-trapezistas habitam as lojas de sapatos.

Também tentei fingir, ri um riso falso de poeta que tem a boca desbotada, para que ele, talvez, se mantivesse digno em seu novo emprego, para que ele talvez se mantivesse firme na corda-bamba dessa vida, que mais parece sapato sem cadarço, para os que têm pés-de-chinelo e as pegadas miúdas que rastreiam o chão duro da felicidade que nunca vem.

Despediu-se de mim com os olhos e partiu arrastando sua tristeza oculta em outra direção. Ele se aproxima de uma menininha que se afasta meio com medo.

A Mãe, sem-graça, diz: "Não tenha medo minha filha, é só um palhaço". -É SÓ UM PALHAÇO?? EU PENSEI... - "Quem dera", pensou ele.

A Vida não é engraçada, um homem triste a fazer sorrir os outros?, disse a voz do destino , segurando um cartão de crédito sem-limites na mão, e um peito vazio na outra.

Sem saber como chorar, o meu peito respondeu com os olhos: "Não senhora, não é só um palhaço, é um homem sem emprego, desfrutando o presente da vida".

Mas há aqueles desempregados, que cegos, viram atiradores de facas. Dói só de lembrar.

Crônica

Outro dia alguém, não sei bem porque e quando , me disse que a vida era um presente divino, que devíamos saber aproveitá-la,e jamais esquecer de agradecê-la, quem quer que fosse o padrinho. E que por pior que se apresentasse a vida, estar vivo era um milagre dos céus.

- "Deus sempre sabe o que faz", enfatizou um amigo meu, filósofo de botequim, cheio de paz no coração e repleto de alegria -e cachaça- artificial na cabeça.

Fiquei meio assim com essa ideia de que a vida é um presente, porque outro dia também ouvi de um mendigo agradecido pela sobras de um almoço: "cavalo dado não se olha os dentes". Nesse mesmo dia o vira-lata ficou sem o seu almoço na lata de lixo. As migalhas não escolhem os miseráveis, elas são presentes do acaso.

É preciso estar no lugar certo, na hora certa, nos diz as pessoas que embrulham os presentes. Mas como os pobres e os vira-latas não têm relógio, sempre chegam atrasados. Assim como os ônibus.

Não sei quem me disse que para entender a vida era preciso conhecer a palavra de Deus, mas como ele nunca apareceu pessoalmente, durante muito tempo acreditei nos mandamentos dos publicitários.

Lembram daquela profecia? "O mundo trata melhor quem se veste bem". Pois é, o mundo dá crédito para quem tem crédito. E quem surgiu primeiro? O antes? O outrora? A noite ou o dia?

sábado, 16 de março de 2013

Saber

Se tu soubesses...
Como são tristes os meus dias,
vazias as minhas noites...
Se tu soubesses,
como te sonho ao meu lado,
o quanto estás presente em mim...

Se tu soubesses,
que te possuo em cada pensamento
e o quanto me dou para ti...

Se tu soubesses,
o quanto me fazes companhia,
nas horas de maior angústia...
Se tu soubesses,
que teus braços seriam as muralhas,
que me cercariam de todos os meus males...

Se tu soubesses,
que tua boca é a fonte,
que me saciaria toda sede...
Se tu soubesses,
que teu corpo é o altar,
onde o meu desejo é sagrado...

Se tu soubesses,
que estás tão bem guardada,
que a cada instante, és infinitamente amada...

Se tu soubesses,
talvez eu não sofresse tanto,
talvez tu me quisesses quanto...
e em meu peito já não cabe,
tanto amor que eu guardei...

Se tu soubesses,
o quanto te quero bem,
Mas só eu sei,
e tu talvez jamais saberás,
o quanto eu te amo.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Poetizando

Amigos poetas, desconhecidos ilustres e ilustres conhecidos. Que nesse dia, a poesia não cesse e a esperança não se cale. Segue um texto, que, não tenho a pretensão de chama-lo de poesia. Não me comparo aos verdadeiros letristas que usam as palavras como forma de expressão, vida. Uma homenagem singela.

Poesias

A minha poesia, querido,
alegra de todos a vida...
A minha poesia, fala de sonhos,
que nos deixa risonhos...

A minha poesia, fala de amor,
que nos deixa em enorme torpor...

A minha poesia, fala em amar,
o que é de todos o real sonhar...

A minha poesia, fala em natureza,
que traz para a vida toda a beleza...

A minha poesia, fala do mar...
Fala em linda noite de luar...
Nada estraga a minha poesia...
Pois ela só me dá alegria...
Falo também numa doce saudade,
lembrando momentos de felicidade...
Poeta querido,
por nada desta vida,
deixe de poetar,
para a minha alma sempre iluminar...

quarta-feira, 13 de março de 2013

Girassóis


Sonho porque Amo
Com toda intensidade que meu corpo permite
Tenho os pés no chão porque é preciso
Mas Amo a curiosidade que me passa Teu olhar
E, assim, encontram-se as flores
No jardim antes deserto
E Amo na terra e no céu
Melhor que ter um Amor
É escolher vivê-lo
Desde então, vivo o Amor
Amo com toda sensatez e loucura que tenho
Amo e sofro
E consigo enxergar beleza até na dor
Não é preciso descobrir ou desvendar
Tudo aquilo que sinto.
Os sentimentos podem ser traiçoeiros
Mas nunca deixam de ter sua beleza
Amo com o coração e a razão
Passo pela plantação de girassóis
E opto por percebê-la
Amo porque Te toco como deve ser tocada
Se eu peco, meu único pecado é Amar demais
- Desde quando Amar é pecado?
Amo porque somos amantes do que somos

O vento me leva para onde quiser e for preciso.
E eu Amo de perto e de longe

terça-feira, 12 de março de 2013

Mentirando.


Hoje eu vou me matar de tanto tomar cervejas.
Só porque a ligação caiu.
E você não atendeu de novo.

Só porque eu deitei e dormi mais do que esperava.
E não fiz…
Ou fiz?

Só porque o dia acordou assim, meio-lilás.
E a noite me disse pra dormir de novo.
Com seu sorriso sarcástico.

Só porque os livros olham pra mim e não me sorriem.
De nenhuma maneira.
Nem as traças o fazem, para ser sincero.
Só porque meus olhos estão sujos.
E não tenho mais quem os limpe.

Eu sinto saudades.
Minto também.
Mas as saudades são verdadeiras.
Não, não quero nada (que não seja cerveja)!
A não ser que me venham com vodcas de framboesa!

segunda-feira, 11 de março de 2013

Platonismo


Você,
que dissimula,
não me repara
e foge à musa.

Você,
é bem provável,
secará e não lerá.
De restante há, pelo menos,
às estantes revelar

que, por ser tanto e tão melado
o que tenho pra dizer,
só me sobra apelar -
dos incensos o mais clichê:

tirante deslumbramentos
que empestam as retinas,
é, de todas as meninas,
a mais linda que já vi.

domingo, 10 de março de 2013

Teu nome

Diz-me o teu nome - agora, que perdi
quase tudo, um nome pode ser o princípio
de alguma coisa. Escreve-o na minha mão

com os teus dedos - como as poeiras se
escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-me no ouvido,

como a levares as palavras de um livro para
dentro de outro - assim conquista o vento
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes de partires, pousa-o.

Nos meus lábios devagar: é um poema
açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.

Ninguém esquece um corpo que teve
nos braços um segundo - um nome sim.

sábado, 9 de março de 2013

Escrever é um encontro marcado com a própria alma.

Hoje não quero poesias, quero escrever.
Preciso desabafar para você.
Hoje eu preciso de um monólogo.


Onde ficou a ausência? Ela ainda faz sentido? Ela ainda existe? Ao mesmo tempo que a vida me mostra a cada segundo que passa que nada mais existe além das lembranças doloridas e das risadas sinceras, uma mensagem é capaz de fazer o pensamento girar, as coisas mudarem e um turbilhão de emoções surgir novamente.


Sabe a história do Pequeno Príncipe, hoje o li novamente. Sempre o leio quando me sinto assim, sozinho, isolado em meu próprio mundo, mundo esse que tenho as minhas verdades e meus personagens. Sou sempre o mocinho das histórias, sempre me dou bem no final e venço tudo para ficar com quem quero. Pretensioso?
Voltando à história de Saint-Exupéry, ele tem uma passagem que sempre me marca quando a leio:

"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
- Significa criar laços...
- Criar laços?
- E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...

Mas a raposa voltou a sua idéia:

- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. "



E a Raposa o pede que a cative. Eu não preciso pedir isso, já tive o privilégio de ser cativado. Cada um de nós é eternamente responsável por aquilo que cativa.


Enfim, acho que escrevi demais. E tenho a completa sensação de que não escrevi metade do que sinto. Fica pra uma outra oportunidade, afinal, ninguém lê o colecionador.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulheres

Que mulher não quer ser descolada e não se apaixonar?
Que mulher não fica boba com uma mensagem no celular?
Que mulher não se derrete toda com um olhar?
Que mulher não é chatinha a ponto de não ligar?
Que mulher não quer dormir abraçada depois do amasso?
Que mulher não espera um beijo inesperado?
Que mulher não solta um "eu te amo" na hora do orgasmo?
Que mulher não quer ouvir um "eu te amo" na hora do orgasmo?
Que mulher não se sente desejada com uma mordida?
Que mulher não quer "matar a sede na saliva"?
Que mulher não sorri quando quer chorar?
Que mulher não quer somente ser amada e amar?
Que mulher não se envolve quando deveria se afastar?
Que mulher não diz "tudo bem" quando na verdade não está?
Que mulher não quer se sentir protegida?
Que mulher não se apaixona de novo antes de cicatrizar a ferida?
Que mulher não lembra quando deveria esquecer?
Que mulher não sofreu tanto a ponto de querer morrer?
Que mulher não mentiu pra ser mais verdadeira?
Que mulher não desceu do salto 15 e virou uma barraqueira?
Que mulher não abriu o coração quando deveria fechar?
Que mulher não sentiu rápido achando que estava indo devagar?
Que mulher não passou ainda por tudo isso?
Que mulher não está lendo isso agora e se vendo com um sorriso?

Uma singela homenagem de quem vos escreve. Aquele que é apaixonado pelo sexo oposto. Que admira, cuida, respeita e principalmente reverencia vocês. Obrigado mulheres por apenas serem mulheres. Obrigado as da minha vida. Me fazem crescer sempre mais.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Vulcão

Doce ilusão que aflora minha alma, que corta meu coração e sangra minha mente.
Doce delírio que de tanto acreditar, tornou-se real, por instantes, semanas, dias, tão translúcida, tão serena que por vezes eu tocava, sentia, cheirava.

Com um sonâmbulo em delírio corri o mundo, refis meu caminho, saltando de sonho em sonho, tentando tranças os fios do destino, tentando tornar o sonho mais longo…
Quem disse que a perfeição é chata? no meu sonho, no peristilo de minha fé, ainda tento segurar firme minha razão que escorre por entre os dedos…

O tempo que me destrói, que sempre me trás a realidade, tão cruel e sem gosto, que dele nem quero mais, amarga e sem cor, sem vida…
Que bom seria se me sonho não acaba-se, se nele pode-se continuar vivendo, sobre os rochedos do infinito, sobre as certezas do nada…

Mas a realidade, é mais forte, mais dura, mais complicada, assim, passo meus dias a pensar nas noites, nas noites que começo a viver, onde abro as portas dos sonhos e me jogo por inteiro, na vida que sempre quis…
Cinzas são meus pensamentos, cinza dos dias de chuva que tanto gosto, dos pingos que me pegam, dos desejos que me trazem, da alegria que me tomam.

Porque viver não pode ser um sonho, porque meu sonho não pode ser minha vida…Assim adormeço, e começo a viver…
Doce vida seria a minha, se não acorda-se jamais…

No mais, vida que segue, calma como um vulcão e arrebatadora como um desabrochar de uma rosa.

Abre aspas. Fecha aspas

A vida te reserva tantas surpresas. Talvez um dia que não tenha começado tão bem possa terminar de uma forma maravilhosa! Coisas que você não espera acontecem e te surpreendem. Te deixam sem chão...sem ar! 

Só me resta acreditar em TUDO aquilo que me levantou hoje (hehe). Tudo! Obrigado Deus.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Espelho convexo.

Minha alma,
vejam,
em côncavo
e convexo.

P´ra ela
o mundo
é míope.
Pede que leiam
bem de perto.

Flanela suja
não limpa vidro,
só embaça.

é que as vezes,
só as vezes,
me vejo no espelho.
Me acho
sem graça.

É essa luz
que ultrapassa a janela
e me arranca a máscara.

É sim...
ela é a culpada!
Não a luz, Ela.

Pois quando tudo está claro
ela ilumina
eu sinto meu gosto amargo
quando Ela me fala
de promessas tantas
de prazeres, amores
de dias serenos
felizes

que agora vejo
nos meus sonhos
na minha vida
no meu futuro


Bruno Leal.

Quero você inteira e minha metade de volta.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Distância

Se eu fosse essa terra, nada que valesse a pena seria tão longe. Por que as distâncias não seriam problemas matemáticos resolvidos por espaço, dinheiro e velocidade.Mediríamos as distâncias simplesmente pela vontade de estar. Isso traria um grande problema aos cartógrafos, mas acho que até eles seriam mais felizes e não se importariam. Se eu fosse essa terra, te cativaria ao meu lado! Mas como apenas ando nela, mas como não sou, eu cresço minha vontade, pra distância não fazer tanta diferença.

domingo, 3 de março de 2013

Pierrot

Fiquei imaginando quantas vezes você já chorou sozinha, com o rosto escondido pelo travesseiro. Desejei estar ao seu lado em todas elas, passar um pouco da minha segurança, envolvê-la em meus braços da forma mais confortante possível. Busquei sem que você notasse seu olhar inocente e só o que encontrei foi um semblante agoniado.

Como quem nada espera em troca, enviei as melhores energias que pude e cheguei a adormecer, para não sei quanto tempo depois acordar com a sensação de estar ao seu lado. Não estava.

Ou será que estava? Este sou eu, o que se doa, o que oferece sem pedir para receber. O incondicional. E foi assim, vivenciando um sentimento singular, que me senti preparado para confessar:

Passei horas apenas observando seu rosto e você não soube. Acordei da realidade para viver um sonho que eu mesmo criei, que moldei da forma mais bonita. Pensei em mil e uma maneiras de demonstrar como me sinto agora, mas só o que consegui fazer foi me perder em tentativas e na escolha das palavras. Sou bom com palavras, você sabe. Mas elas me faltaram. Sim, no instante exato em que tomei coragem, elas me faltaram. Então preparei cuidadosamente uma antologia sentimental. Logo eu, que lhe parecia tão inacessível, agora preciso de palavras emprestadas para me fazer entender. 

Se, em meio à dúvida, você imaginar nem que seja por apenas um instante que elas são para você, de fato os meus devaneios terão valido a pena...

Invenção



Quiça tu sejas minha invenção
E de tão bela, e de tão tanto em mim
Eu me invente dentro de ti...


Permita-me nos reinventar?



sexta-feira, 1 de março de 2013

Voce me bagunça e tumultua tudo em mim

Uma bagunça. Assim minha vida pode ser resumida. Amores achados e perdidos. Pessoas perdidas, marcadas em brasa que deixam cinza em mim quando se vão. Carregam um pedaço de mim - e fazem questão de não devolver mais- que vão me formando, me deixando com um amontoado de fraquezas, anseios, mágoas. Um misto do que foi bom, se tornou ruim e hoje nada mais é. Temos uma imensa capacidade de transformar o belo em feio, o forte em fraco, o puro em impuro e o sorriso em lágrimas. Uma bagunça, eu repito. Assim como o papel que se perde no carro, o pen-drive com tuas musicas prediletas que some no fundo da gaveta, seu isqueiro que se vai, tua esperança que se esvai. Assim são as pessoas, os amores, os amigos, os sentimentos. E você percebe que não te sobra nada, você ficou com o resto. O resto de cada um que passou. Aquele coração quebrado, repartido que ainda insiste em bater sei lá porque. Aquele que ainda pulsa - para as vezes - em busca de algo além do que se tem. Em busca de algo além do que lhe foi prometido...