quinta-feira, 24 de abril de 2014

Coisa de alma.

Como um velho cata-vento em acrobacia
Meus ledos pensamentos agora já lassos
Tomados de memória volvem em calmaria
Na paisagem, transpassam os meus passos

Sob o céu toldado de amarelo queimado
Deleito desse esteio, a cantarolar entregue
Nesse prado iluminado, de vento adocicado
Floreço bordado de luz, na alma alegre.

São nesses momentos que semeio as minhas paixões

São nesses momentos que faço da vida a melhor tradução do meu coração.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Ansiedade

Doce ilusão que aflora minha alma, que corta meu coração e sangra minha mente.
Doce delírio que de tanto acreditar, tornou-se real, por instantes, semanas, dias, tão translúcida, tão serena que por vezes eu tocava, sentia, cheirava.

Com um sonâmbulo em delírio corri o mundo, refis meu caminho, saltando de sonho em sonho, tentando trançar os fios do destino, tentando tornar o sonho mais longo….
Quem disse que a perfeição é chata? No meu sonho, no peristilo de minha fé, ainda tento segurar firme minha razão que escorre por entre os dedos….

Oh tempo que me destrói, que sempre me trás a realidade, tão cruel e sem gosto, que dele nem quero mais, amarga e sem cor, sem vida…
Que bom seria se meu sonho não se encerrasse, se nele pudesse continuar vivendo, sobre os rochedos do infinito, sobre as certezas do nada….

Mas a realidade é mais forte, mais dura, mais complicada, assim, passo meus dias a pensar nas noites, nas noites que começo a viver, onde abro as portas dos sonhos e me jogo por inteiro, na vida que sempre quis…...
Cinzas são meus pensamentos, cinza dos dias de chuva que tanto gosto, dos pingos que me pegam, dos desejos que me trazem, da alegria que me tomam.

Porque viver não pode ser um sonho, porque meu sonho não pode ser minha vida…. Assim adormeço e começo a viver….
Doce vida seria a minha, se não acorda-se jamais…...

No mais, vida que segue, calma como um vulcão e arrebatadora como um desabrochar de uma rosa.

domingo, 6 de abril de 2014

Efêmero

Mancebo que te postas
À campina verdejante,
Com o olhar fixo no horizonte,
O pôr-do-sol a contemplar,
Vislumbra admirado e com ternura
A cidade que jamais tornarás a ver.
Sopra o vento oriental,
E arrepiam-se seus pêlos,
Ele sabe que está próxima
A hora de tudo se findar.
Seus olhos se fecham,
Ele está pronto.
Um último suspiro,
E sua alma expira.
Ó, pobre efebo,
Teu corpo se inclina,
As vestes brancas esvoaçantes,
Com um sorriso no rosto
Tua face toca o chão.
Efêmera foi a tua vida,
Tão evanescente quanto vã.